Cristas volta a ser relegada para segundo plano. Agora por Mota Soares e Hélder Amaral

Uma cerimónia que deveria ser da campanha nacional do CDS foi transformada em acção distrital. E Cristas voltou a ser relegada para figura secundária.

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Assunção Cristas Nelson Garrido

Na noite de terça-feira, o eurodeputado Nuno Melo, com um discurso duro e radical em Vila Real, apagou a intervenção da líder que nos noticiários foi completamente relegada para segundo plano. Na noite desta quarta-feira, a líder do CDS foi transformada numa espécie de figurante numa acção de campanha que deveria ser índole nacional e acabou por ser quase exclusivamente distrital, realizada em Viseu. Mota Soares e Hélder Amaral, cabeça de lista por Viseu, foram as “estrelas” da noite e Cristas voltou a não brilhar.

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Na noite de terça-feira, o eurodeputado Nuno Melo, com um discurso duro e radical em Vila Real, apagou a intervenção da líder que nos noticiários foi completamente relegada para segundo plano. Na noite desta quarta-feira, a líder do CDS foi transformada numa espécie de figurante numa acção de campanha que deveria ser índole nacional e acabou por ser quase exclusivamente distrital, realizada em Viseu. Mota Soares e Hélder Amaral, cabeça de lista por Viseu, foram as “estrelas” da noite e Cristas voltou a não brilhar.

A iniciativa chamava-se Encontro de Gerações e inaugurava um novo estilo de campanha no CDS. Uma cerimónia mais reservada que todos pensavam que se trataria de uma sessão de troca de ideias e de debate das propostas do CDS. Não foi. Afinal era uma homenagem a figuras mais antigas do partido… em Viseu. Deveriam cruzar-se com gerações mais novas, mas os mais velhos estavam em larga maioria.

A sessão deveria começar às 19h, mas Assunção Cristas só chegou às 19h30. A sua chegada foi anunciada nas colunas de som na sala, mas a sua entrada acabou praticamente ignorada, porque, nessa altura, os cerca de 100 convivas deliciavam-se com uma variedade de produtos regionais.

O locutor de serviço teve se pedir por três aos presentes que ocupassem os seus lugares para que largassem a comida. Pelas 20h o Encontro de Gerações lá começou. Primeiro falou o presidente da concelhia de Viseu e a maior parte dos elogios foram para Hélder Amaral, cuja eleição pode estar tremida. Depois interveio o mandatário distrital de Viseu. Mais elogios a Hélder Amaral. Chegou então a vez de falar o antigo ministro da segurança social, Mota Soares. Fez elogios à líder, mas a maior parte foram para Hélder. Soares, tal como Melo tinha feito na véspera, também radicalizou o discurso.

O número dois da lista do CDS nas europeias, que falhou a eleição, afirmou mesmo que “uma maioria absoluta do PS e de dois terços da esquerda” nas legislativas tornariam Marcelo Rebelo de Sousa “numa espécie de rainha de Inglaterra”, quando o Presidente “tem um papel muito importante como equilibrador do sistema”.

Às 20h30 os 11 candidatos de Viseu foram chamados ao palco um a um. Chegou então a vez de Hélder Amaral falar. Fez elogios à líder mas a maior parte foram para Mota Soares. Quando acabou e se pensava que a presidente do CDS ia falar, tal voltou a ser adiado. Cristas foi chamada ao palco mas para distribuir umas placas de madeira com o símbolo do CDS aos mais antigos militantes do CDS de Viseu. Foram 23 os homenageados. Depois entraram em cena os novos militantes do distrito de Viseu. Eram quatro e também receberam placas de madeira das mãos da líder do partido.

Perante uma plateia de votos garantidos, Cristas começou a falar pelas 21h. Começo com elogios a Hélder Amaral e a Mota Soares e depois fez uma espécie de sumário do que tinha dito ao longo do dia. Repetiu mais uma vez um conjunto de propostas sobre saúde, segurança social e educação e terminou com um forte apelo ao voto. Não arrancou nem um décimo dos aplausos oferecidos a Mota Soares e Hélder Amaral pelos presentes.

A campanha do CDS não está propriamente a correr sobre carris e há dois dias que parece estar a derrapar e a fugir ao controlo de Cristas.