Europeias: Insatisfação com a política principal causa da abstenção em Portugal
Inquérito do Parlamento Europeu analisa a abstenção em Portugal nas eleições europeias.
A insatisfação com a política em geral é a principal razão apontada para a taxa de abstenção recorde de 68,6% verificada em Portugal nas eleições europeias de Maio passado, revela um inquérito divulgado esta terça-feira pelo Parlamento Europeu.
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A insatisfação com a política em geral é a principal razão apontada para a taxa de abstenção recorde de 68,6% verificada em Portugal nas eleições europeias de Maio passado, revela um inquérito divulgado esta terça-feira pelo Parlamento Europeu.
Seis meses depois do sufrágio, que decorreu entre 23 e 26 de Maio, a assembleia publicou um Eurobarómetro pós-eleitoral, “um dos inquéritos quantitativos mais exaustivos sobre as últimas eleições europeias”, que registaram a nível da União Europeia (UE) a maior taxa de participação em 20 anos (50,82%), com Portugal em contraciclo.
Dos 1.008 eleitores portugueses entrevistados para este inquérito, apenas 31% votaram e 69% admitiram não ter ido às urnas, números precisamente em linha com aqueles verificados em 26 de Maio em Portugal, quando a taxa de abstenção superou a anterior pior de sempre (66,2%, nas europeias de 2014), ainda que em parte se tenha devido ao aumento do número de votantes inscritos.
Entre os abstencionistas, a principal razão apontada para justificar a decisão de não votar foi a “falta de confiança ou insatisfação com a política em geral” (38%), seguida do desconhecimento relativamente à UE ou ao Parlamento Europeu ou às eleições europeias.
Entre os eleitores que votaram, a principal razão apontada para o terem feito foi o “dever enquanto cidadão” (67%) e o principal assunto que orientou o seu voto foi “a economia e o crescimento”.
No conjunto dos 28 Estados-membros, os portugueses que votaram são aqueles que dizem menos ter hesitado no seu sentido de voto, com 91% a declararem que sempre souberam em que partido votar e apenas 8% a admitir que hesitaram entre dois ou mais partidos, enquanto a média da UE foi, respectivamente, de 66% e 33%.
Em termos globais, o Eurobarómetro encomendado pelo Parlamento Europeu indica que a elevada participação nas eleições europeias a nível dos 28 foi impulsionada por um aumento da participação dos jovens.
Os jovens com menos de 25 anos (mais 14 pontos percentuais) e os da faixa etária 25-39 anos (mais 12 pontos percentuais) participaram mais nas eleições europeias de maio de 2019 do que nas anteriores, contribuindo decisivamente para uma taxa de participação global de 50,6%, a mais elevada desde 1994.
Já em Portugal, as eleições para o Parlamento Europeu de 26 de maio passado registaram a taxa de abstenção mais elevada de sempre, de 68,6%, mas o número de votantes foi superior em cerca de 30 mil face às eleições de 2014, segundo dados divulgados então pela Direção-Geral da Administração Interna (DGAI).
Este ano, na sequência do recenseamento automático, o universo eleitoral era de 10.761.156 eleitores, quando nas anteriores eleições para o Parlamento Europeu, em maio de 2014, eram 9.696.481.
O inquérito pós-eleitoral do Parlamento Europeu baseia-se em entrevistas realizadas a 27.464 pessoas pela Kantar em todos os 28 Estados-Membros da UE, tendo o trabalho de campo decorrido entre 7 e 26 de Junho de 2019.