Vieira: “Se o Benfica for condenado por corrupção, demito-me”

Em entrevista à TVI, dirigente “encarnado” expressou confiança de que Paulo Gonçalves será absolvido das acusações no processo E-Toupeira.

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LUSA/Miguel A. Lopes

O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, não escondeu alguma satisfação, esta terça-feira em entrevista à TVI, sobre o processo E-Toupeira e a decisão do Tribunal de Relação de Lisboa em não levar a SAD “encarnada” a julgamento. “Sou daqueles que acredito cegamente na Justiça e o que foi feito foi ilibar o Benfica de todas as coisas”, declarou.

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O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, não escondeu alguma satisfação, esta terça-feira em entrevista à TVI, sobre o processo E-Toupeira e a decisão do Tribunal de Relação de Lisboa em não levar a SAD “encarnada” a julgamento. “Sou daqueles que acredito cegamente na Justiça e o que foi feito foi ilibar o Benfica de todas as coisas”, declarou.

Ao contrário da SAD do Benfica, Paulo Gonçalves, antigo assessor jurídico do clube, será julgado neste processo, por suspeitas de corrupção activa e violação de segredo de justiça. Vieira não tem dúvidas: na sua opinião, o antigo funcionário será considerado inocente. “Sou amigo dele, deu muito ao Benfica. Estou muito convencido de que não será penalizado. Acho que não [colocou em causa o bom nome do clube]”, disse.

O Tribunal da Relação de Lisboa considerou que eventuais acções criminais de Paulo Gonçalves não podiam ser imputadas ao clube, razão pela qual a SAD benfiquista não enfrentará julgamento. O presidente “encarnado” realçou o facto de não ter qualquer conhecimento de eventuais acções do antigo assessor jurídico, deixando uma promessa aos sócios e adeptos. “Se o Benfica alguma vez for condenado por corrupção, peço a demissão. O Benfica ganhou dentro do campo. Aquilo que [alguns clubes] fizeram fora das quatro linhas é miserável”, finalizou.

Relações com os rivais: “Não tenho problemas com o dr. Varandas"

O dirigente do Benfica abordou o relacionamento que o emblema da Luz tem com os principais rivais. Luís Filipe Vieira recusou-se a falar sobre o FC Porto: para além da luta desportiva, os “encarnados” são também adversários dos “dragões” na Justiça, depois de terem reclamado uma indemnização de 17,7 milhões de euros por danos relacionados com a divulgação da correspondência electrónica das “águias”. Os portistas foram condenados a pagar cerca de dois milhões de euros, mas irão recorrer da decisão. 

Ainda sobre esta disputa, Vieira recusou revelar se os “encarnados” foram alvo de uma tentativa de extorsão. Na quinta-feira, o Ministério Público acusou o hacker Rui Pinto de ter sido o responsável pela página Mercado de Benfica, onde foram divulgados emails relacionados com pessoas ligadas ao clube.

Quanto ao Sporting, Vieira afirma não ter qualquer problema com o homólogo “leonino”, Frederico Varandas, que atravessa alguma contestação interna devido aos maus resultados. Abordou, inclusive, essa crise do rival, dizendo que os “leões” precisam de “criar estabilidade”.

Falta de golos de RDT não preocupa

A janela de transferência de Verão foi um dos temas centrais da primeira parte da entrevista ao dirigente do Benfica. O avançado Raúl de Tomás, contratado em Julho ao Real Madrid por 20 milhões de euros, ainda não conseguiu facturar de “águia ao peito”. Vieira desdramatiza: “O jogador tem um passado, todos sabem que é um goleador. A equipa de I foi unânime em contratar o jogador. Há-de marcar um dia.”

A venda de João Félix ao Atlético de Madrid por 120 milhões de euros não servirá para reduzir o passivo, avançou Luís Filipe Veira, garantindo que as contas do Benfica estão “controladas” e que “não há necessidade disso”. A duplicação da cláusula de 60 para 120 milhões foi combinada com Jorge Mendes, admite, com a promessa de que se os “encarnados” conseguissem uma proposta por esse valor, o agente arrecadaria 10% de uma eventual transferência.

“Vou recandidatar-me à presidência”

Luís Filipe Vieira foi eleito 33.º presidente do Benfica em Novembro de 2003. Na entrevista à TVI, o dirigente “encarnado” admitiu a intenção de cumprir duas décadas à frente dos destinos do clube, avançando que se irá recandidatar nas próximas eleições. O anúncio de nova candidatura serviu também para antecipar o dia em que o dirigente deixará o clube, traçando objectivos concretos: “No dia em que sair do Benfica, poderei ficar muito orgulhoso em entregar [aos sócios] o clube com património liquidado e sem dívidas.”