Presidente israelita pressiona para governo de unidade nacional
Depois de empate entre os dois grandes blocos nas eleições, Reuven Rivlin recebeu esta tarde Benjamin Netanyahu e Benny Gantz.
Os líderes dos dois partidos mais votados, o Likud, de Benjamin Netanyahu, e o Azul e Branco, de Benny Gantz, reuniram-se esta segunda-feira com o Presidente, Reuven Rivlin, que tenta que formem um governo de unidade nacional. Isto depois de vários dias em que os israelitas viram tantas voltas e reviravoltas que a apresentadora do Telejornal do Canal 2 Yonit Levi comentou que se um grupo de extraterrestres chegasse a Israel e formasse uma coligação, seria menos estranho do que o que se está a passar na política do país.
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Os líderes dos dois partidos mais votados, o Likud, de Benjamin Netanyahu, e o Azul e Branco, de Benny Gantz, reuniram-se esta segunda-feira com o Presidente, Reuven Rivlin, que tenta que formem um governo de unidade nacional. Isto depois de vários dias em que os israelitas viram tantas voltas e reviravoltas que a apresentadora do Telejornal do Canal 2 Yonit Levi comentou que se um grupo de extraterrestres chegasse a Israel e formasse uma coligação, seria menos estranho do que o que se está a passar na política do país.
A estranheza tem a ver com o resultado das legislativas de terça-feira passada, que já foram uma repetição das eleições de Abril. Em Abril, o resultado foi uma vantagem mínima para o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, que não conseguiu, no entanto, formar uma coligação com os partidos religiosos e de direita. O escrutínio de terça-feira deu ligeira vantagem ao rival de Netanyahu, mas não deu a Gantz um bloco que possa ter maioria.
Cabe ao Presidente indicar um candidato para iniciar conversações para formar governo (estes são sempre de coligação, muitas vezes com mais do que dois partidos), o que é feito depois de ouvir os líderes dos partidos que recomendam um candidato, o que dá uma ideia de quem pode integrar a coligação. Neste momento, não é o caso de nem de Netanyahu nem de Gantz.
Neste processo, que começou no domingo, aconteceu algo extraordinário. A Lista Unida (que junta quatro partidos de árabes israelitas) recomendou o partido de Gantz, um antigo chefe militar que liderou uma grande ofensiva contra palestinianos em Gaza, para formar governo – os partidos árabes israelitas recusam-se por regra a indicar alguém, só o tinham feito uma vez quando apoiaram Yitzhak Rabin, em 1992.
O único objectivo que a Lista Unida tem agora é derrubar Netanyahu, pelo incitamento do primeiro-ministro contra os cidadãos árabes de Israel e a aprovação da lei do Estado Nação, que diminui o estatuto dos árabes israelitas no Estado judaico.
Mas o preço a pagar – apoiar um partido que junta, além de um antigo chefe militar, um antigo ministro da Defesa e outros responsáveis militares – foi considerado demasiado grande e após o anúncio do apoio a Gantz, a Lista Unida dividiu-se, com três deputados que a integram a dizer que recusavam a apoiá-lo.
Assim Gantz, que com 33 deputados venceu a eleição, recolheu 54 apoios; Netanyahu, que a perdeu, com 31 deputados, tem 55 apoios.
Ser escolhido com o apoio dos árabes israelitas – que pediam como contrapartida a revogação do Estado Nação, que define Israel como o “Estado do povo judaico”, no qual apenas este tem “direito de autodeterminação” – poderia ser problemático para Gantz, que foi logo muito criticado por receber este apoio, embora o próprio líder da Lista Unida, Ayman Odeh, dissesse que Gantz não o recebeu e por isso não ofereceu qualquer contrapartida.
Avigdor Lieberman, o líder do partido ultranacionalista Yisrael Beitenu (Israel Nossa Casa), disse mesmo que o partido árabe “não é rival, é inimigo” e por isso ficaria longe de qualquer solução que os contemplasse.
Lieberman recusou juntar-se a Netanyahu nas negociações após as últimas eleições e tem insistido que quer um governo de unidade com os dois partidos mais votados – e o seu próprio.
O problema da formação deste governo é a potencial acusação que pende sobre Benjamin Netanyahu, que vai ser ouvido a 2 de Outubro pela Procuradaria-Geral, que de seguida o deverá acusar por três casos de suspeita de corrupção.
Gantz tem dito que recusa juntar-se a Netanyahu enquanto este for suspeito de corrupção.
Um Governo de unidade seria possível, assim, com um Likud sem Netanyahu, mas não há indicações de que o partido deixe cair o seu líder. Na semana passada, Netanyahu apelou a um governo de unidade com Gantz, consigo como líder. Gantz sublinhou que ele foi o vencedor. Após o encontro com Rivlin, não houve declarações.
A especulação sobre quem poderá ter a primeira hipótese de formar governo e se essa é a melhor estratégia está em níveis quase febris. Netanyahu conseguiu ser primeiro-ministro em 2009 e manter-se até agora depois de um falhanço da sua adversária Tzipi Livni (que anunciou este ano a sua saída da política). "Netanyahu, o negociador alfa, enfrenta principiante político na disputa pelo poder”, é o título de uma análise do Haaretz.
O jornalista do Haaretz Anshel Pfeffer antecipa que a abordagem de Netanyahu seja esperar. “Não tem razão nenhuma para ter pressa”, escreve. “Talvez Lieberman volte à coligação. Talvez Gantz capitule. Talvez haja uma guerra. Talvez os seus advogados convençam o procurador-geral a deixar cair algumas das acusações”. Netanyahu vai tentar “aguentar mais do que todos os outros”,
A abordagem pode resultar, Pfeffer fiz que terá, no entanto, limites: “Ainda penso que é pouco provável que Netanyahu sobreviva à semana passada por mais do que uns poucos meses. Vai ser empurrado para fora por uma combinação de pressão política e legal. Mas vão ser meses longos e tensos.”