Anthony Carrigan, de Barry: “Se se tentar agradar ao público, eles percebem e rejeitam”
O actor que faz de NoHo Hank, o gangster tchecheno mais cortês do mundo, na série da HBO co-criada e protagonizada por Bill Hader, estava nomeado para um Emmy, mas não ganhou. Uma semana antes, quando esteve em Portugal para a Comic Con, o PÚBLICO falou com ele.
Anthony Carrigan faz de NoHo Hank, um mafioso tchecheno que é ultra-optimista e simpático e uma das melhores criações cómicas dos últimos anos, em Barry, a série cómica da HBO co-criada e protagonizada por Bill Hader. O actor, que esteve na edição deste ano da Comic Con Portugal e falou com o PÚBLICO pouco depois disso, estava nomeado para um Emmy. Tal como os colegas Stephen Root e Henry Winkler, concorreu na categoria de Emmy de Melhor Actor Secundário numa Comédia, mas não ganhou – a série só arrecadou um dos sete prémios para os quais foi nomeada, para o próprio Hader como Melhor Actor Principal.
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Anthony Carrigan faz de NoHo Hank, um mafioso tchecheno que é ultra-optimista e simpático e uma das melhores criações cómicas dos últimos anos, em Barry, a série cómica da HBO co-criada e protagonizada por Bill Hader. O actor, que esteve na edição deste ano da Comic Con Portugal e falou com o PÚBLICO pouco depois disso, estava nomeado para um Emmy. Tal como os colegas Stephen Root e Henry Winkler, concorreu na categoria de Emmy de Melhor Actor Secundário numa Comédia, mas não ganhou – a série só arrecadou um dos sete prémios para os quais foi nomeada, para o próprio Hader como Melhor Actor Principal.
Costuma falar, em entrevistas, sobre como muitas vezes é estereotipado e chamado para papéis de vilão. A sua personagem em Barry podia ser o vilão noutro tipo de história, mas não está sequer no top 10 de piores pessoas da série.
Concordo plenamente. No grande esquema das coisas, o NoHo Hank é bastante...
... É a pessoa mais simpática.
Sim. Provavelmente faz coisas muito questionáveis, mas ao mesmo tempo, olha-se para o herói da série, aquele por quem toda a gente está a torcer, o Barry, e ele é um assassino, mata pessoas para ganhar a vida. Tem piada que sobre a Sarah Goldberg, que faz de Sally, as pessoas comentem o quanto odeiam a sua personagem e como não querem que o Barry fique com ela. Ela é narcisista, sim, mas comentarem que a odeiam e que adoram o Barry, que é um assassino, é estonteante. Sinto que a série faz um bom trabalho a evidenciar isso.
É como Breaking Bad, as pessoas não gostavam da mulher dele. E também matava.
Faz todas estas coisas horríveis e criticam a mulher dele porque ela tem problemas com isso.
Encontrou, portanto, esta personagem que tecnicamente ainda é um vilão, um antagonista, mas deu a volta ao estereótipo.
É muito diferente. É divertido poder interpretar alguém tão cheio de nuances e multifacetado. Personagens como esta não aparecem muito frequentemente, é aproveitar.
Quanto do NoHo Hank é que estava no que Bill Hader e Alec Berg escreveram e quanto dele é que veio de si?
No que me toca, a personagem estava escrita como um gangster muito cortês. Sempre me guiei por essa ideia original, de ser muito educado e atencioso. Deixei que isso influenciasse as minhas decisões de o levar numa direcção bastante abrangente, fazer dele uma personagem muito extravagante.
Bill Hader é um conhecido cinéfilo que debita sempre referências. Consegue acompanhá-lo?
Ele dá-me sempre uma grande abada, faz referências obscuras e não consigo estar taco a taco. Mas de vez em quando menciono-lhe algo de que ele nunca ouviu falar e ele fica excitado. É um bom momento.
Tem exemplos disso?
Bem, falar de filmes de samurais.
Não conhece? Ele é claramente um grande fã de Kurosawa, como se nota na primeira temporada.
Claro, mas mencionei o Zatoichi [do cinemasta Takeshi Kitano] e ele não conhecia. Foi uma vez. Em cem.
E esta nomeação: a competição inclui dois colegas de Barry e nomes de peso, Henry Winkler, que ganhou no ano passado, e Stephen Root.
E o Tony Shalhoub, Tony Hale... É uma categoria recheada. Fico contente por quem quer que ganhe e fiquei entusiasmado por termos sido todos nomeados.
Falava de como personagens destas não aparecem todos os dias. Esta é uma série em que, na primeira temporada, muita gente dizia que não devia haver uma segunda, por ser tão contida e perfeita, mas depois manteve o nível. É algo sobre o qual não tem grande controlo.
Pois não, e não se sabe como será a recepção. Não se pode deixar que isso influencie o que se faz. Se se tentar agradar ao público, eles percebem e rejeitam. O Bill Hader e o Alec Berg usaram isso como uma oportunidade para expandir a criatividade deles, correr mais riscos e fazerem o que querem. Fica-se com um produto muito melhor.