Poeira extraterrestre terá causado uma idade do gelo na Terra
A destruição de um asteróide há 466 milhões de anos originou uma nuvem de poeira que terá bloqueado parte da luz solar que chegava à Terra.
Uma nuvem de poeira resultante da destruição de um asteróide pode ter causado uma idade do gelo há 466 milhões de anos, conclui um estudo publicado na revista Science Advances. Após a colisão do asteróide, que ocorreu na zona entre Marte e Júpiter, a quantidade de poeira proveniente do espaço na atmosfera terrestre aumentou significativamente e bloqueou a luz solar.
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Uma nuvem de poeira resultante da destruição de um asteróide pode ter causado uma idade do gelo há 466 milhões de anos, conclui um estudo publicado na revista Science Advances. Após a colisão do asteróide, que ocorreu na zona entre Marte e Júpiter, a quantidade de poeira proveniente do espaço na atmosfera terrestre aumentou significativamente e bloqueou a luz solar.
A poeira invadiu a Terra durante pelo menos dois milhões de anos, causando um arrefecimento gradual. Os seres vivos tiveram, assim, tempo de se adaptar e alguns até beneficiaram da mudança. “Verificámos que a poeira proveniente de um asteróide não só coincidiu com o início do arrefecimento do planeta, mas também com um importante avanço na biodiversidade que mudou os ecossistemas marinhos para sempre”, afirma David Harper, um dos autores do artigo e cientista da Universidade de Durham, ao The Guardian. “Pela primeira vez demonstrou-se que a poeira resultante da destruição de um asteróide pode levar a um arrefecimento que desencadeia uma idade do gelo na Terra”, sublinha Birger Schmitz, primeiro autor do artigo e investigador da Universidade de Lund, Suécia, ao mesmo jornal.
A hipótese de uma idade do gelo há 466 milhões de anos já tinha sido avançada por outros cientistas. A quantidade de água nos oceanos influencia a forma como as rochas no leito marinho se formam e as rochas deste período apresentaram sinais de que os oceanos eram menos profundos nessa altura, o que sugere que parte da água estaria retida em glaciares.
A equipa analisou rochas de calcário com diferentes idades no sul da Suécia e perto de São Petersburgo, na Rússia. Decompuseram as rochas com recurso a um ácido e procuraram vestígios do asteróide que causou a nuvem de poeira. A abundância de grãos com a mesma composição química que o asteróide aumentou entre mil e dez mil vezes a seguir à destruição do asteróide, que media 150 km de diâmetro. Os níveis mantiveram-se elevados durante dois a quatro milhões de anos.
Philipp Heck, um dos autores do estudo e investigador da Universidade de Chicago, EUA, mostra cautela quanto à hipótese de resolver o aquecimento global actual replicando o efeito da nuvem de poeira. “As propostas de engenharia climática têm de ser avaliadas de forma muito crítica e cuidadosa. Porque, se algo correr mal, as coisas podem ficar piores do que estão.”
Texto editado por Andrea Cunha Freitas