Sabemos falar com desconhecidos? Talvez não

Por mais banal que possa parecer, o acto de decifrar as intenções e o sentido das palavras do outro pode correr muito mal. Sobretudo se o “outro” for alguém que não conhecemos. Em Falar com Desconhecidos, o reconhecido jornalista da New Yorker Malcolm Gladwell tenta perceber o que está errado nas ferramentas e nas estratégias que usamos na relação com os outros.

Foto

1.
Em Julho de 2015, uma jovem afro‑americana chamada Sandra Bland deslocou‑se de automóvel da sua Chicago natal até uma cidadezinha que fica a uma hora de viagem para oeste de Houston, Texas. Ia a uma entrevista de emprego na Universidade A&M de Prairie View, a escola onde se formara uns anos antes. Era alta e chamativa, com uma personalidade a condizer. Pertencera à irmandade feminina Sigma Gamma Rho na universidade. Tocara na banda de música. Fora voluntária num grupo de apoio a idosos. Publicava regularmente no YouTube curtos vídeos edificantes, sob a assinatura “Sandy Speaks”, que muitas vezes começavam assim: “Bons‑dias, meus lindos reis e rainhas.”