Egípcios atrevem-se a pedir nas ruas a saída do Presidente Sissi

Manifestações são uma resposta aos apelos de um empresário egípcio que tem publicado na Internet vídeos contra o Presidente Sissi.

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Foram detidas dezenas de pessoas na noite de sexta para sábado EPA

Centenas de manifestantes saíram à rua no Cairo, juntando-se na Praça Tahrir, e noutras cidades do Egipto, para protestarem contra a corrupção e exigirem a saída do Presidente Abdel Fatah al-Sissi. O protesto acontece apesar de as manifestações estarem proibidas desde 2013, quando o então general tomou o poder num golpe de Estado que derrubou o Presidente Mohamed Morsi.

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Centenas de manifestantes saíram à rua no Cairo, juntando-se na Praça Tahrir, e noutras cidades do Egipto, para protestarem contra a corrupção e exigirem a saída do Presidente Abdel Fatah al-Sissi. O protesto acontece apesar de as manifestações estarem proibidas desde 2013, quando o então general tomou o poder num golpe de Estado que derrubou o Presidente Mohamed Morsi.

Pelo menos 55 pessoas foram detidas, de sexta para sábado, sob a acusação de participarem em protestos não autorizados, e a polícia usou gás lacrimogéneo para obrigar as multidões a dispersar, dizem os media locais. A agência AFP, que cita o que diz ser “uma fonte segura”, avança que terão sido detidas 74 pessoas.

Os manifestantes saíram à rua em resposta aos apelos de um empresário da construção civil que vive em Espanha, e cujos vídeos a acusar Sissi de corrupção se tornaram virais no Egipto. O empresário Mohamed Ali diz ter trabalhado para o Exército egípcio durante 15 anos, o que lhe permitiu perceber como são usados os fundos públicos.

Numa série de vídeos partilhados online, Ali acusa Sissi e o Exército de esbanjarem milhões de dólares em palácios e hotéis. “O teu fim está a chegar”, disse o empresário em tom de ameaça a Sissi, num vídeo divulgado na última terça-feira, em que apelou aos seus compatriotas para que fossem para a rua protestar contra Sissi na sexta-feira, após uma partida de futebol altamente antecipada.

Pode parecer pouco, mas os vídeos de Mohamed Ali tornaram-se um fenómeno num país governado com mão de ferro por Sissi, que deixou o uniforme militar mas impôs um regime altamente repressivo no Egipto. Os media estatais noticiam que os vídeos que circulam nas redes sociais dos protestos de sexta-feira à noite são “falsos”, produzidos pela Irmandade Muçulmana – uma organização ilegalizada após o golpe de Sissi –, diz o site Middle East Eye.

E os vídeos de Ali tornaram-se suficientemente perturbadores para que fosse aberta uma investigação contra ele. O pai do empresário foi levado à televisão para desmentir que o Exército lhe deve dinheiro – uma das acusações feita por Ali. Segundo a Al-Jazira, o próprio Presidente Sissi disse, numa conferência de juventude em que participou, na semana passada, que as “as alegações de corrupção no Exército e no Governo são mentiras e calúnias”.