“Horários e burocracias”: Marcelo diz que vida de professor “é uma odisseia”

Marcelo Rebelo de Sousa recordou os seus tempos de professor dizendo que “boa parte do tempo que era dedicada à pesquisa e à preparação da docência, e a outras actividades suplementares, é dedicada à burocracia para facilitar as estatísticas”.

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Marcelo Rebelo de Sousa esteve esta sexta-feira em Lamego. De manhã visitou o Centro de Tropas de Operações Especiais e à tarde discursou perante uma plateia de professores bibliotecários LUSA/NUNO ANDRÉ FERREIRA

O Presidente da República considerou esta sexta-feira, perante uma plateia de professores bibliotecários, que a profissão “é uma odisseia” com burocracias que não largam os docentes, que passam o ano lectivo a preencher fichas.

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O Presidente da República considerou esta sexta-feira, perante uma plateia de professores bibliotecários, que a profissão “é uma odisseia” com burocracias que não largam os docentes, que passam o ano lectivo a preencher fichas.

“Os horários, as burocracias, que não nos largam um instante, andamos nós mais tempo a preencher fichas, fichas de previsão no início do ano lectivo, fichas de acompanhamento ao longo do ano lectivo, fichas de prestação de contas periodicamente também no ano lectivo”, sustentou Marcelo Rebelo de Sousa.

E acrescentou que “boa parte do tempo que era dedicado à pesquisa e à preparação da docência, e a outras actividades suplementares, é dedicada à burocracia para facilitar as estatísticas que, naturalmente, suscitarão imensa pesquisa e imensas conclusões que, não obstante, quando são muito conhecidas influenciarão todas as reformas curriculares e outras pedagógicas”.

“Isto para dizer que é uma odisseia a vida de professor e é uma odisseia perceber que têm de continuar a leitura, qualquer que seja a leitura e a escolha da leitura. A importância do livro e a importância da leitura pode até ser, em última análise, a biblioteca digital, embora eu aprecie os livros que não os digitais que também leio, mas não com o mesmo prazer e o mesmo gosto”, admitiu Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado, que recordou a sua vida de professor, falava perante uma plateia de professores bibliotecários que se encontraram hoje em Lamego, no âmbito do Theka, projecto da Gulbenkian de Formação de Professores para o Desenvolvimento de Bibliotecas Escolares, de 2004, para reflectir e pensar o futuro nos diversos domínios da leitura.

Uma visita surpresa ao teatro Ribeiro Conceição, onde decorria o encontro, depois de ter passado pela Santa Casa da Misericórdia de Lamego que está, desde Abril e até ao mesmo mês do próximo ano, a comemorar os 500 anos de existência e onde prometeu “tentar voltar antes que acabem as comemorações”.

Além de assinar o livro de honra, visitou as instalações e destacou o papel das Misericórdias na sociedade, uma vez que defendeu que “são essenciais no tecido social português”, principalmente quando o país atravessa crises económicas, como a que o país atravessou “há pouco tempo”. “O tecido social português pode sobreviver, apesar de tudo, como sobreviveu, porque havia instituições de solidariedade como as Misericórdias. Não eram as únicas, mas eram as mais antigas”, destacou.

Marcelo Rebelo de Sousa falou da questão da interioridade e de como “é grande o desafio nestas terras, uma vez que assumiu que “são terras das quais alguns se lembram de vez em quando, mas não tantas vezes quantas seriam desejáveis e as instituições que sofrem este esquecimento são, entre outras, as Misericórdias”, assinalou.

A manhã decorreu no Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), que tem base em Lamego, onde se reuniu com o comandante, o coronel de infantaria Raúl Matias, e restantes oficiais, e onde assistiu a um exercício de tiro táctico e a uma simulação de uma emboscada num teatro de operações.

O CTOE tem, actualmente, em Lamego e distribuídos por três espaços, entre o campo de treinos, o de formação e o do comando, 271 efetivos, entre os quais oito são funcionários civis.

Em missões no estrangeiro, Afeganistão, Iraque, República Centro Africana e Mali, tem, neste momento, 27 militares distribuídos em duas missões de capacitação de forças militares estrangeiras e outras duas de apoio a outras forças militares portugueses.