Achado arqueológico em Israel levanta nova hipótese de localização para o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes
Mosaico colorido descoberto no chão de uma igreja na margem oriental do Mar da Galileia representa um número de pães e peixes próximo das descrições dos Evangelhos.
Tendo ordenado à multidão que se sentasse na relva, Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos para o céu, deu graças, partiu os pães e deu-os aos seus discípulos, que os entregaram à multidão. Todos comeram e se fartaram…
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Tendo ordenado à multidão que se sentasse na relva, Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos para o céu, deu graças, partiu os pães e deu-os aos seus discípulos, que os entregaram à multidão. Todos comeram e se fartaram…
É mais ou menos nestes termos que os Evangelhos do Novo Testamento descrevem o milagre da multiplicação dos pães com que Jesus saciou a fome das cerca de cinco mil pessoas que o seguiam nas margens do Mar da Galileia.
Até agora, acreditava-se que esse episódio tinha acontecido em Tabgha, no noroeste deste mar interior em Israel – há até aí uma igreja bizantina chamada “da Multiplicação dos Pães e dos Peixes”. Mas, desde o início de Setembro, um novo achado arqueológico noutro lugar, na margem oriental do Mar da Galileia, veio abrir novos campos de leitura e de interpretação da História.
No decorrer da campanha de escavações no Parque Nacional de Hippos-Sussita, no norte de Israel, foi descoberto um mosaico de grandes dimensões (10 x 15 metros) formado por azulejos profusamente coloridos e decorados com padrões geométricos, mas contendo também pães, peixes, aves, cestas de fruta e flores. Um achado que logo foi visto como uma possível representação do milagre da multiplicação dos pães e dos peixes.
Segundo a equipa de arqueólogos liderada por Michael Eisenberg, professor do Instituto de Arqueologia da Universidade de Haifa, este mosaico tem já mais de 1500 anos, e encontra-se num lugar conhecido como a Igreja Incendiada, referência a um templo cristão que terá sido destruído no início do século VII, na sequência da conquista da Terra Santa pelas tropas do Império Sassânida, da Pérsia pré-islâmica.
O facto de este chão da igreja em mosaico ter sobrevivido ao ataque e à passagem do tempo será explicado pela camada de cinza que sobre ele se acumulou após os ataques e ao longo dos séculos.
“A igreja estava localizada na margem ocidental do Monte Sussita, que é o ponto mais ocidental da cidade e tem vista para o Mar da Galileia”, local onde são referenciados a maioria dos milagres de Jesus, declarou Eisenberg à CBS News - Israel, acrescentando que certamente a comunidade local estaria familiarizada com esses feitos.
Em favor da nova localização para o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes estão os cinco pães e os dois cestos com três peixes cada representados no mosaico da Igreja Incendiada, números que se aproximam mais da descrição dos Evangelhos do que o que acontece com os azulejos encontrados na igreja de Tabgha, onde só estão desenhados dois peixes e quatro pães.
“Certamente que poderá haver explicações diferentes para as descrições de pães e peixes no mosaico [de Hippos], mas não se poderá ignorar a semelhança com a descrição no Novo Testamento”, disse o arqueólogo-chefe da missão, reservando, no entanto, uma investigação e uma leitura mais detalhadas para quando for concluída a escavação do sítio – faltam ainda cerca de 10% da superfície, adiantou –, o que só irá acontecer na próxima temporada.