Na semana da moda de Milão, a Benetton levou a irreverência a banhos
Âncoras, ondas e um mar de azuis numa colecção de extravagâncias coloridas, como é apanágio da casa. O Culto esteve no desfile da marca, que antecede o início da Semana de Moda, mas que já mostrou propostas — acessíveis — para o próximo Verão.
Pela italiana Milão, a azáfama do quotidiano não pára. Mas, por estes dias, a cidade fica ainda mais agitada e glamorosa ao receber gente de todo o mundo para celebrar o mundo da moda, com desfiles das mais prestigiadas marcas – italianas, claro, mas não só.
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Pela italiana Milão, a azáfama do quotidiano não pára. Mas, por estes dias, a cidade fica ainda mais agitada e glamorosa ao receber gente de todo o mundo para celebrar o mundo da moda, com desfiles das mais prestigiadas marcas – italianas, claro, mas não só.
A abrir um calendário de sete dias muito preenchidos, e ainda antes da abertura oficial, as cores da Benetton invadiram a Piscina Cozzi, um dos exemplos arquitectónicos da cidade, com uma história quase centenária – foi inaugurada em 1934 e construída com critérios tecnológicos de vanguarda, sendo ainda hoje considerada como um exemplo em toda a Europa. E, sem mar por perto, não poderia haver espaço mais apropriado. Afinal, são os oceanos e todo o ambiente marinho que inspiram a colecção de Primavera-Verão 2020 da United Colors of Benetton, na qual não faltam ainda afirmações de carácter social, numa chamada de atenção às principais questões que se encontram no centro do debate por todo o mundo, como as alterações climáticas.
Sob a direcção artística do francês Jean-Charles de Castelbajac, e o olhar atento do próprio Luciano Benetton, que, aos 84 anos – e depois de ter abandonado a presidência da empresa que ajudou a fundar em 2012 e regressado ao cargo no ano passado –, se mantém interessado no que é apresentado nas passerelles, o segundo desfile de moda da histórica marca de Treviso em Milão (a estreia foi este ano, em Fevereiro, com as propostas de Outono) arrancou com um mergulho de verdade: com as cores emblemáticas da marca, sete atletas lançaram-se à água, dando o tiro de partida também para que os manequins percorressem uma improvisada passerelle.
“Vamos mergulhar com a Benetton na semana de moda, recordando os últimos momentos do verão, na piscina.” Essa foi a proposta de Jean-Charles de Castelbajac, que baptizou o desfile “Onda de cor, a onda das cores”, e o resultado não desiludiu.
Às conhecidas tonalidades de vermelho, verde, amarelo, azul e laranja, presentes na bandeira e uma constante nas colecções do emblema italiano, juntam-se, para a próxima estação de Primavera-Verão, uma série de tons de azul, desde o leve celeste até ao forte cobalto, não esquecendo os marinhos nem os quase deslavados, obtidos através de tintas minerais naturais, numa homenagem à ganga, que continua “a ser pedra angular do estilo descontraído da Benetton”, lê-se em comunicado.
Por outro lado, passam por nós peças que se fazem valer de uma paleta em tons pastel – rosas, lilás, outra vez azuis –, que parecem destoar da disciplina cromática da corrente que Jean-Charles de Castelbajac assumia ainda este ano, numa entrevista à Europe 1, mas que, assume a marca italiana, são “o leitmotiv por detrás da criação de um guarda-roupa de peças de culto”.
Popeye, em defesa dos mares
Além das cores, também os temas nos transportam para as ondas: há mar, água, vela, surf, até Popeye… Foi este marinheiro ultraforte (depois dos seus devidos espinafres) o escolhido para embaixador ecológico de um desfile onde também esteve em destaque a defesa dos oceanos. A ilustre figura, criada por Elzie Crisler Segar em 1929, assim como outros personagens a si associados (como a sempre esbelta Olívia Palito) surgem em t-shirts, vestidos e sweatshirts, numa mistura de estampados digitais, revelando o esforço da marca em promover a sustentabilidade com o desenvolvimento de produtos inovadores feitos a partir de materiais ecológicos, como é o caso das gabardinas feitas de papel e de materiais reciclados.
Nesta promoção pela defesa dos oceanos, a marca propõe, em simultâneo, uma viagem por alguns dos portos mais característicos do Mediterrâneo, de Saint-Tropez a Hydra. Há a t-shirt marinheiro, o casaco em lona encerada, o boné masculino sem forro, o pulôver… Peças intemporais que a marca pretende que primem pela elegância, ao mesmo tempo que as cria para um “público sem idade e sem género, cosmopolita e global”. Seja como for, o que mais satisfaz é a preocupação que a Benetton mantém quer na qualidade dos materiais, quer com o conforto de quem os veste: por toda a colecção perpassa uma sensação de bem-estar.
Na colecção, destaque ainda para as sweatshirts e as maxi t-shirts brancas com estampados perfeitos, a criarem uma visão simétrica da composição, das campanhas publicitárias assinadas por Oliviero Toscani, que nos anos 90 do século passado eram simultaneamente exemplo de irreverência e consciência.
“Quero criar uma mostra em movimento para dar a conhecer até aos mais novos o carácter explosivo do trabalho de Oliviero, totalmente em sintonia com o ADN da marca”, explicou, citado em comunicado, Castelbajac.
O Culto viajou a convite da Benetton