Bill Gates: não se deve contar com as tecnológicas para resolverem os problemas que criaram
Em entrevista à agência Bloomberg, o fundador da Microsoft defendeu que dividir empresas poderosas não é solução.
Bill Gates, fundador da Microsoft e conhecido filantropo, afirmou numa entrevista à agência Bloomberg que era difícil prever os problemas causados pelas redes sociais e que a sociedade não deve esperar que sejam as próprias empresas a encontrar as soluções. Em vez disso, mostrou-se a favor de regras criadas pelos governos.
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Bill Gates, fundador da Microsoft e conhecido filantropo, afirmou numa entrevista à agência Bloomberg que era difícil prever os problemas causados pelas redes sociais e que a sociedade não deve esperar que sejam as próprias empresas a encontrar as soluções. Em vez disso, mostrou-se a favor de regras criadas pelos governos.
“Os media sociais – ninguém tinha uma bola de cristal a dizer que de alguma forma seriam uma maneira de radicalizar pessoas ou dividi-las em dois grupos diferentes”, observou o magnata, em resposta a uma questão sobre o poder das grandes tecnológicas para minar os sistemas políticos. “Não creio que se possa contar completamente com a indústria da tecnologia para se preocupar com isso o suficiente e encontrar uma solução. Os governos devem discutir que regras devem existir. Pode dizer que sou parcial, mas vejo estas empresas como bem-intencionadas, altamente inovadoras, e é responsabilidade da sociedade assegurar que as inovações não têm efeitos negativos.”
Gates defendeu também que a divisão forçada de empresas não é solução para combater eventuais abusos de poder. “Se o que queremos banir é a forma como a empresa se está a comportar, devíamos simplesmente dizer: ok, esse é um mau comportamento. Dividir a empresa em dois e ter duas pessoas a fazerem a coisa errada não parece ser uma solução.”
As declarações surgem quando os reguladores dos EUA estão a aumentar o escrutínio sobre as grandes tecnológicas. Ainda assim, nenhum gigante está hoje na posição em que a Microsoft esteve no final dos anos 1990.
Num caso altamente mediatizado, as autoridades americanas levaram a empresa a tribunal por práticas concorrenciais. Em 2000, o tribunal acabou por decretar a divisão da Microsoft em duas empresas: uma para o sistema operativo Windows e outra para o restante software. A Microsoft recorreu e, no ano seguinte, chegou a um acordo com o Departamento de Justiça para não ser dividida, aceitando modificar algumas práticas.
“Há um leque muito pequeno de coisas para as quais acho que a divisão seja a resposta”, disse Gates à Bloomberg. “O facto de os governos estarem a pensar neste tipo de coisa não é uma surpresa. Eu era ingénuo sobre isto, mas isso foi há muito tempo.”
Na entrevista, o fundador da Microsoft, no entanto, deixou um aviso sobre as questões fiscais: “Estas empresas estão a operar de forma totalmente legal. Estão a fazer muitas coisas inovadoras. O facto de as regras fiscais incentivarem a fazer estruturas de uma determinada forma para minimizar os impostos – as pessoas devem ver se querem mudar isso daqui para a frente.”