Raquel é a nova embaixadora do combate às alterações climáticas da ONU

A bióloga de 24 anos venceu um concurso internacional, promovido pela ONU, com um vídeo sobre a conservação das pradarias marinhas do estuário do Sado. Em Dezembro vai ao Chile apresentá-lo.

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Raquel Gaião Silva, 24 anos, é bióloga e embaixadora da juventude no combate às alterações climáticas. DR

Raquel Gaião Silva ganhou o concurso The Global Youth Video Competition, organizado no âmbito da Cimeira do Clima da ONU, e torna-se assim embaixadora da juventude para o combate às alterações climáticas. O mini-documentário sobre a Ocean Alive, primeira cooperativa em Portugal dedicada à protecção do oceano vai ser exibido na Cimeira do Clima, a 23 de Setembro, em Nova Iorque e a bióloga portuguesa vai estar presente na Conferência das Partes (COP25), em Dezembro, no Chile. “É uma responsabilidade. Vou tentar dar o meu melhor para desempenhar bem esse papel. Sempre que puder vou falar sobre a importância de mitigarmos as alterações climáticas e caminharmos todos juntos nesse sentido”, disse esta terça-feira à agência Lusa.

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Raquel Gaião Silva ganhou o concurso The Global Youth Video Competition, organizado no âmbito da Cimeira do Clima da ONU, e torna-se assim embaixadora da juventude para o combate às alterações climáticas. O mini-documentário sobre a Ocean Alive, primeira cooperativa em Portugal dedicada à protecção do oceano vai ser exibido na Cimeira do Clima, a 23 de Setembro, em Nova Iorque e a bióloga portuguesa vai estar presente na Conferência das Partes (COP25), em Dezembro, no Chile. “É uma responsabilidade. Vou tentar dar o meu melhor para desempenhar bem esse papel. Sempre que puder vou falar sobre a importância de mitigarmos as alterações climáticas e caminharmos todos juntos nesse sentido”, disse esta terça-feira à agência Lusa.

O vídeo de Raquel, 24 anos, foi seleccionado entre 400 candidatos de todo o mundo e soma já mais de 60 mil visualizações no YouTube. “Sinto-me muito orgulhosa pelo projecto que temos em Portugal, da Ocean Alive. Orgulhosa porque os portugueses ajudaram a partilhar e a divulgar o trabalho da Ocean Alive. Não estava à espera de ver tanta gente a partilhar o vídeo e termos mais visualizações, sendo um país pequenino, a competir com países como a Índia ou o México. É um sentimento de orgulho nos portugueses e no nosso exemplo”, sublinhou.

Em 2018, a bióloga foi a primeira portuguesa a ganhar o prémio mundial Global Biodiversity Information Facility Young Researchers Award, com um trabalho sobre o impacto das alterações climáticas na distribuição de macroalgas na costa Atlântica da Península Ibérica, 

Raquel Gaião, natural de Viana do Castelo, estudou Biologia na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Em 2018 concluiu o Mestrado Internacional em Biodiversidade e Conservação Marinha. Trabalha há um ano na Bluebio Alliance (BBA) uma associação portuguesa sem fins lucrativos, fundada em 2015, que representa todos os participantes dos bio-recursos marinhos e da cadeia de valor biotecnológica azul. “Tudo que faço é com muita paixão. Tento dar o meu melhor o que não significa que não haja outras pessoas a fazerem um trabalho fantástico. Eu arrisco e concorro, nunca a pensar que vou ganhar, mas para me desafiar a mim própria.”

Além de ganhar o estatuto de embaixadora da juventude para o combate às alterações climáticas, a bióloga irá ser repórter da juventude na COP25, onde apresentará o projecto que inspirou o vídeo. “A Ocean Alive conseguiu sensibilizar as pescadoras da Carrasqueira, no estuário do rio Sado, para a importância de conservar as pradarias marinhas que são o sustento da sua pesca”, destacou Raquel Gaião. Segundo Raquel, o trabalho desenvolvido pela cooperativa portuguesa “conseguiu que as guardiãs do mar se tornassem agentes de mudança, influenciando outros pescadores, a utilizarem técnicas menos destrutivas e não poluir tanto as águas do mar”.

As “pradarias marinhas, desconhecidas do grande público, são constituídas por plantas aquáticas que formam uma floresta marinha que sequestram carbono a uma taxa 30 vezes superior ao das florestas terrestres”, explica a nota da Ocean Alive. “São estas pradarias que tornam o estuário do Sado único em Portugal, pois como florestas que são, oferecem alimento, abrigo e local de reprodução para muitos organismos marinhos, como os cavalos-marinhos, raias e para as presas dos golfinhos que residem neste estuário. Se estas pradarias marinhas forem destruídas, o carbono por elas armazenado será libertado e uma grande biodiversidade marinha será perdida.” A Ocean Alive “chama a atenção para o risco iminente de degradação das pradarias do estuário do Sado como consequência das extensas dragagens previstas, como parte da obra de melhoria dos acessos ao porto de Setúbal”.

“Não valerá a pena sermos um exemplo distinguido se as pradarias marinhas do estuário do Sado desaparecerem. Por isso, somos uma das organizações promotoras da manifestação contra as dragagens marcada para o dia 28 de Setembro, em Setúbal”, adianta a instituição.

A Ocean Alive apela para a “tomada de consciência por parte do governo português para a necessidade de mudar o paradigma da criação de riqueza e empregos, mantendo os benefícios do estuário do Sado como um sistema natural que garanta qualidade de vida e um futuro sustentável, alinhados com os compromissos assumidos pelo nosso país na ONU”.