Cancro de cabeça e pescoço mata três portugueses por dia
Grupo de estudos sobre esta doença está a realizar rastreios em Lisboa.
A Semana Europeia de Luta Contra o Cancro de Cabeça e Pescoço arrancou esta segunda-feira em Lisboa com uma acção de rastreios no Cais do Sodré, que visa alertar para uma doença que mata três portugueses por dia.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A Semana Europeia de Luta Contra o Cancro de Cabeça e Pescoço arrancou esta segunda-feira em Lisboa com uma acção de rastreios no Cais do Sodré, que visa alertar para uma doença que mata três portugueses por dia.
“Morrem três portugueses por dia com esta doença e aquilo que nós queremos é que sejam diagnosticados mais cedo”, afirmou aos jornalistas a presidente do Grupo de Estudos de Cancro de Cabeça e Pescoço, Ana Castro, que está a realizar os rastreios numa carrinha junto ao Terminal Fluvial do Cais do Sodré.
A médica explicou que quanto mais cedo o cancro for diagnosticado maior é a probabilidade de cura: “Nós conseguimos curar 90% dos doentes nessa fase e se diagnosticarmos muito tarde vamos conseguir curar apenas cerca de 20%.”
Ana Castro destacou como “muito positivo” no combate a esta doença a entrada de médicos dentistas no Serviço Nacional de Saúde, porque “permite a mais gente ter acesso a cuidados de saúde oral”, um dos factores de risco do cancro de cabeça e pescoço.
Existe também um programa para formação de farmacêuticos, que em muitas zonas do interior do país são a “primeira porta dos doentes”. É importante que consigam reconhecer esta doença e saibam para onde podem reencaminhar o doente, referiu Ana Castro.
Presente na iniciativa, a ministra da Saúde, Marta Temido, considerou que este tipo de campanhas são “absolutamente fundamentais” para “sensibilizar a população para a necessidade de estar atento às alterações da sua cavidade oral” e se queixarem aos profissionais de saúde quando detectarem alguma alteração.
Bárbara Cruz, 23 anos, foi das primeiras pessoas a realizar o rastreio na carrinha estacionada no Cais do Sodré, onde estavam a ser distribuídos panfletos sobre a doença, que atinge cerca de 3 mil pessoas por ano em Portugal.
Em declarações à agência Lusa, a jovem disse que soube que estava a ser realizado um rastreio e, apesar de se sentir bem, decidiu fazer. “Estava aqui perto e porque não”, disse. “É um rastreio fácil, rápido, não é agressivo e os especialistas são acessíveis, por isso não há que ter receio”, disse Bárbara Cruz, considerando que todas as pessoas o deviam realizar, indecentemente da idade.
A médica Ana Castro alertou para os factores de risco desta doença, nomeadamente o tabaco, o consumo do álcool, uma má higiene oral, próteses dentárias mal-adaptadas e a infecção pelo HVP.
As pessoas devem estar atentas a sintomas como dor de garganta, rouquidão persistente, língua dorida, manchas vermelhas ou brancas em toda a cavidade oral, dificuldade em engolir, nódulo no pescoço, nariz entupido e sangramento oral que permaneçam durante três semanas.