Portugal pronto para mobilizar reservas de petróleo após corte da produção da Arábia Saudita
A Entidade Nacional para o Sector Energético diz dispor de “reservas estratégicas que podem ser mobilizadas para suprir uma falta eventual” de petróleo. Empresas petrolíferas dizem que “não haverá nenhuma crise de abastecimento”.
A Entidade Nacional para o Sector Energético (ENSE) disponibilizou-se esta segunda-feira para mobilizar reservas de petróleo caso se prolongue o corte temporário para metade do fornecimento da Arábia Saudita, que representa 5% da oferta mundial de petróleo.
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A Entidade Nacional para o Sector Energético (ENSE) disponibilizou-se esta segunda-feira para mobilizar reservas de petróleo caso se prolongue o corte temporário para metade do fornecimento da Arábia Saudita, que representa 5% da oferta mundial de petróleo.
A ENSE afirma, em comunicado, que “dispõe de reservas estratégicas que podem ser mobilizadas para suprir uma falta eventual” e precisa que tem “à sua disposição 538,1 mil toneladas de crude em reservas físicas e 373,5 mil toneladas em tickets que representam direitos de opção sobre crude armazenado em Portugal e noutros países da União Europeia”.
“Estas quantidades estão à disposição da ENSE para mobilização imediata, caso se entenda necessário”, sublinha a ENSE, adiantando que “é importante destacar neste momento que, caso o impacto sobre a oferta seja persistente e os operadores que importam petróleo para Portugal tenham alguma dificuldade temporária para obter crude, o país através da ENSE dispõe de reservas estratégicas”.
O fornecimento de petróleo da Arábia Saudita, maior exportador mundial, sofreu temporariamente um corte para metade (cerca de 5,7 milhões de barris diários) depois de duas refinarias do gigante saudita Aramco em Abqaiq e Khurais na Arábia Saudita terem sido alvo de um ataque no sábado.
O preço do barril de petróleo Brent registou, nos primeiros minutos da sessão desta segunda-feira, uma subida de 19%, a variação mais acentuada desde 1991, no dia em que teve início a Guerra do Golfo. O preço do barril de brent aproximou-se dos 72 dólares. Nas horas seguintes, contudo, registou-se uma correcção, estando a subida dos preços próxima dos 10% a meio da manhã.
Apetro: “Não haverá” crise
O secretário-geral da Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (Apetro), António Comprido, disse esta segunda-feira que “não haverá nenhuma crise de abastecimento” de combustíveis na sequência do corte na produção de petróleo na Arábia Saudita.
Em declarações aos jornalistas à margem da apresentação de um estudo solicitado pela Apetro à KPMG sobre o papel dos produtos petrolíferos na redução das emissões carbónicas em Portugal, em Lisboa, António Comprido afirmou que “não vai faltar petróleo no mercado”, mas que um ataque a uma refinaria na Arábia Saudita causa nervosismo nos mercados financeiros, pelo que era esperada uma subida dos preços esta segunda-feira.
“Não vai haver nenhuma tragédia em termos de subida do preço dos combustíveis”, disse António Comprido, esclarecendo que, a haver um ajustamento de preço, será “na ordem daquilo a que estamos habituados no dia-a-dia nas subidas e descidas semanais”.
“Queremos acreditar que ela [a situação de corte na produção na Arábia Saudita] não será muito duradoura e que se irá esbater ao longo dos próximos dias”, sublinhou o secretário-geral da Apetro.
Trump endurece discurso
Entretanto, Washington acusou o Irão de ter “lançado um ataque sem precedentes contra o fornecimento energético mundial” e autorizou a libertação de reservas de petróleo do país para que, se necessário, as mesmas garantam o fornecimento mundial, atingido por estes ataques. O Presidente Donald Trump disse que os Estados Unidos têm as armas “prontas a disparar” para responder ao ataque a dois campos petrolíferos sauditas. Acrescentou que está à espera que a Arábia Saudita confirme a autoria dos bombardeamentos que Washington acredita ter partido do Irão.
Os ataques foram reivindicados pelos rebeldes iemenitas Huthis, apoiados politicamente pelo Irão, grande rival regional da Arábia Saudita.
Os Huthis reivindicam regularmente lançamentos de mísseis com drones contra alvos sauditas e afirmam que agem como represália contra os ataques aéreos da coligação militar liderada pela Arábia Saudita, que intervém no Iémen em guerra desde 2015.
Notícia actualizada às 15h30 com declarações do secretário-geral da Apetro