Economia chinesa dá novos sinais de fragilidade
Produção industrial abranda para o ritmo mais lento dos últimos 17 anos. Guerra comercial com os EUA continua a fazer sentir os seus efeitos.
O conflito comercial com os Estados Unidos continua a penalizar o desempenho da economia chinesa, que voltou esta segunda-feira a dar sinais de não conseguir inverter a recente tendência de abrandamento que já colocou a actividade económica ao ritmo mais lento das últimas décadas.
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O conflito comercial com os Estados Unidos continua a penalizar o desempenho da economia chinesa, que voltou esta segunda-feira a dar sinais de não conseguir inverter a recente tendência de abrandamento que já colocou a actividade económica ao ritmo mais lento das últimas décadas.
De acordo com os dados publicados pelas autoridades estatísticas chinesas, a produção industrial no país registou em Agosto um crescimento de 4,4% face ao mesmo mês do ano passado. Este resultado não só representa uma descida face aos 4,8% de Julho, como é o mais baixo dos últimos 17 anos, acentuando a ideia de deterioração da conjuntura que se tem vindo a instalar nos últimos meses.
A expectativa entre a maioria dos analistas era a de que se registasse uma ligeira subida da taxa de variação na produção industrial em Agosto, mas a verdade é que os dados acabaram por desiludir.
O ritmo de crescimento lento encontra a sua principal explicação no impacto que o conflito comercial entre a China e os EUA está a ter em diversos sectores de actividade da maior economia asiática. O sub-indicador com um resultado mais negativo foi o das exportações de produtos industriais, que registou uma contracção de 4,3% face ao mesmo período do ano passado.
China e EUA têm vindo, numa série de ataques e retaliações, a elevar as taxas alfandegárias aplicadas entre si. E a China, cuja economia e sector industrial está fortemente dependente da procura externa e tem os EUA como um dos seus principais mercados, está a sentir o efeito negativo da perda de competitividade dos seus produtos.
No início deste mês, os EUA alargaram o leque de produtos chineses sujeitos a taxas alfandegárias mais elevadas, estando ainda em cima da mesa, caso os dois países não cheguem entretanto a um entendimento, uma subida de taxas em todos as importações da China até ao final do ano.
Nas últimas semanas, contudo, os dois lados deram sinais de estar a tentar suavizar o conflito, tendo sido agendadas para o mês de Outubro novas reuniões entre as equipas comerciais de Washington e Pequim A expectativa dos mercados é que EUA e China tentem chegar a uma trégua no confronto, que reduza a tensão a que se assiste nos mercados financeiros. Um acordo de longo prazo entre as duas partes é considerado neste momento bastante mais improvável.
Os novos indicadores de abrandamento da economia chinesa abrem agora a porta a que, já na próxima quinta-feira, o banco central do país volte a anunciar medidas de estímulo monetário, nomeadamente uma nova descida das taxas de juro. Nos EUA também é esperada uma descida das taxas de juro de referência da Reserva Federal no decorrer desta semana, enquanto na zona euro, o Banco Central Europeu já deu esse passo na semana passada.