Paula Rego e Câmara de Cascais vão renovar acordo da Casa das Histórias

Museu cumpre dez anos na próxima quarta-feira e vai festejar a data redonda com um fim-de-semana de actividades especiais.

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Paula Rego na Casa das Histórias em 2011 ENRIC VIVES-RUBIO

O acordo entre a pintora Paula Rego e a Câmara Municipal de Cascais (CMC) para a continuidade da actividade da Casa das Histórias vai ser renovado por mais dez anos, revelou este sábado à agência Lusa o presidente da Fundação D. Luis I, Salvato Teles de Menezes, segundo o qual o protocolo que agora termina beneficiará de “alguns ajustes que vão permitir o aprofundamento da relação” entre as partes. Ao longo dos seus dez anos de actividade, o museu inaugurado a 18 de Setembro de 2009 recebeu 630 mil visitantes.

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O acordo entre a pintora Paula Rego e a Câmara Municipal de Cascais (CMC) para a continuidade da actividade da Casa das Histórias vai ser renovado por mais dez anos, revelou este sábado à agência Lusa o presidente da Fundação D. Luis I, Salvato Teles de Menezes, segundo o qual o protocolo que agora termina beneficiará de “alguns ajustes que vão permitir o aprofundamento da relação” entre as partes. Ao longo dos seus dez anos de actividade, o museu inaugurado a 18 de Setembro de 2009 recebeu 630 mil visitantes.

A criação da Casa das Histórias Paula Rego, inaugurada em 2009 para acolher, divulgar e preservar a obra da artista portuguesa radicada no Reino Unido, foi acordada entre esta e a CMC, tendo depois a Fundação D. Luis I, que tutela os equipamentos culturais da autarquia, ficado com a gestão do museu. “A câmara é a proprietária das obras [cerca de 620 distribuídas por pintura, desenho e gravura]; e a Fundação D. Luís I é a responsável pela gestão logística, administrativa e financeira da Casa das Histórias, cujo financiamento também é [assegurado pela] autarquia”, recordou o responsável.​

Teles de Menezes disse à Lusa que as partes envolvidas “já concordaram com a renovação por mais dez anos, e a assinatura deverá ser realizada entre o final de Setembro e o início de Outubro”. “Há uma intenção até de alargar a colaboração entre as partes e de aprofundá-las”, acrescentou, revelando também o desejo de apostar numa “maior internacionalização” do museu, sediado num edifício criado para o efeito pelo arquitecto Eduardo Souto de Moura, por escolha da própria artista.

“Chegou a correr a ideia de que a pintora ponderava levar o seu acervo para fora de Portugal, mas nada disso é verdade”, disse o responsável, referindo-se a notícias de que Paula Rego quis acabar com o projeto quando a sua fundação foi extinta, em 2015, no âmbito de uma reestruturação do universo de fundações de todo o país levada a cabo pelo anterior governo de coligação PSD-PP.

A programação vai continuar a ser da responsabilidade da coordenadora da Casa das Histórias, Catarina Alfaro, que tem vindo a delinear as exposições da obra da pintora. Cabe à curadora preparar a programação e as exposições, e apresentar o seu plano a uma comissão paritária composta por Nick Willing, filho de Paula Rego, e o próprio presidente da Fundação D. Luís I.

De acordo com Salvato Teles de Menezes, a Casa das Histórias tem recebido, ao longo dos anos, vários pedidos de cedência de obras de Paula Rego para exibição em exposições, nomeadamente na Europa e nas Américas. Entre os requerentes estão instituições de referência em Portugal e no estrangeiro como a Pinacoteca de São Paulo, no Brasil, o Museu de Arte Contemporânea de Monterrey, no México, a Tate Britan e a House of Illustration, em Londres, no Reino Unido, a Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, o Musée d'Arts Contemporaines, em Marselha, a Galeria Nacional Húngara, em Budapeste, ou o Musée de L'Orangerie, em Paris.

Contactado pela agência Lusa, Nick Willing, filho de Paula Rego, comentou que “é muito importante saber que esta relação vai continuar por mais dez anos”: “Este novo contrato ficou até melhor do que era”, disse ainda.

Para Nick Willing, o museu “não seria possível sem a ajuda da câmara de Cascais, da Fundação D. Luís I e da Catarina Alfaro”, acrescentou, sublinhando o trabalho excecional da conservadora e curadora da Casa das Histórias.

A Casa das Histórias Paula Rego vai celebrar uma década de existência no dia 18, tendo prevista uma programação especial para o próximo fim-de-semana. No sábado, às 15h, e no domingo, às 11h, decorrerá a iniciativa Conta-me Histórias  Por 10 Anos com Histórias..., destinada a crianças com mais de quatro anos. Também no sábado decorrerá uma oficina paralela à exposição dedicada à obra gráfica de Paula Rego, Olhar para dentro, para explorar diversas técnicas de gravura usadas pela artista.

Além de um importante núcleo de obras de Paula Rego, a colecção da Casa das Histórias inclui também obras do seu marido, o artista britânico Victor Willing (1928-1988), nomeadamente 15 pinturas a óleo da década de 195o e alguns dos seus últimos trabalhos. O estabelecimento do acervo resultou da doação pela artista da totalidade da sua obra gravada, que ascende a 267 peças, a que se junta um conjunto inédito de 273 desenhos.

A título de empréstimo, Paula Rego cedeu recentemente à Casa das Histórias 28 pinturas suas, a maioria dos quais dos anos 1980 (as séries Óperas, The Vivian Girls, Dentro e Fora do Mar); nesse lote incluem-se também trabalhos emblemáticos dos anos 1960 (Sempre às Ordens de Vossa Excelência, Quando Tínhamos uma Casa no Campo, e Centauro) e obras dos anos 1990 como Anjo, Amor ou Entre as Mulheres.