Violência xenófoba na África do Sul obriga Presidente a cancelar discurso na ONU
A crise cresce no país onde há cada vez mais violações e assassínios. Membros do ANC exigem que Governo declare o estado de emergência.
O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, cancelou a sua presença na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, dentro de duas semanas, devido à onda de violência de género e xenófoba no seu país.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, cancelou a sua presença na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, dentro de duas semanas, devido à onda de violência de género e xenófoba no seu país.
Centenas de pessoas manifestaram-se esta sexta-feira Joanesburgo para exigir uma actuação mais forte da parte do Governo para travar os crescentes níveis de violência de género no país.
Este problema, a par da violência contra estrangeiros, levou alguns membros do Congresso Nacional Africano (ANC, o partido no poder) no Congresso a pedirem ao Governo que declare o estado de emergência.
A polícia divulgou na quinta-feira as estatísticas da criminalidade, que revelam que no ano passado os abusos sexuais e as violações aumentaram 4,6% e 3,9%, respectivamente.
Na semana passada houve dias de protesto na Cidade do Cabo depois de uma série de assassínios de adolescentes, mulheres e crianças. Nas últimas semanas, notícias de assassínios de mulheres e raparigas, uma delas de 14 anos, fizeram as manchetes da imprensa sul-africana.
No dia 24 de Agosto, uma estudante da Universidade da Cidade do Cabo, Uyinene Mrweyanda, de 19 anos, foi violada e agredida até à morte por um trabalhador dos correios. Poucos dias depois, a 30 de Agosto, a campeã de boxe sul-africana Leighandre “Baby Lee” Jegels, de 25 anos, foi assassinada a tiro pelo namorado polícia.
As mortes e a violência levaram mulheres de todo o país a partilharem as suas experiências e os seus medos nas redes sociais através da ‘hashtag’ “#AmINext” ("Eu sou a próxima").
A África do Sul é um dos países mais violentos do mundo para as mulheres, registando a quarta maior taxa de mortes por “violência interpessoal”, de acordo com o portal de verificação de factos Africa Check. O site diz que uma mulher é assassinada a cada três horas na África do Sul.
No ano passado, a África do Sul registou um aumento de 6,9% no número de homicídios, com uma média de 57 por dia.