Polícia russa faz buscas e detenções de aliados de Navalni
Mega-operação envolveu mais de mil agentes em 40 cidades em todo o país, poucos dias depois das eleições municipais.
A polícia russa organizou uma operação que teve como alvo os escritórios regionais do movimento de oposição de Alexei Navalni, que se estendeu a todo o território. A ofensiva aconteceu poucos dias depois das eleições municipais em Moscovo que se saldaram em fortes perdas para os candidatos pró-governamentais.
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A polícia russa organizou uma operação que teve como alvo os escritórios regionais do movimento de oposição de Alexei Navalni, que se estendeu a todo o território. A ofensiva aconteceu poucos dias depois das eleições municipais em Moscovo que se saldaram em fortes perdas para os candidatos pró-governamentais.
Na quinta-feira foram feitas mais de 200 buscas simultâneas em 41 cidades do país, envolvendo cerca de mil polícias, e dezenas de membros do Fundo de Luta contra a Corrupção, de Navalni, foram detidos. Várias casas de colaboradores seus também foram visadas, segundo o The Guardian.
Para Navalni, o principal rosto da oposição russa, a operação foi uma resposta do regime de Vladimir Putin aos apelos lançados por si para que os eleitores anti-Kremlin votassem nos candidatos mais bem colocados para derrotar os nomes apoiados pelo Rússia Unida, no poder – uma estratégia que baptizou de “voto inteligente”.
Em Moscovo, a táctica parece ter sido bem-sucedida nas eleições de domingo. Apenas foram eleitos 26 deputados municipais próximos do Kremlin, face a 38 nas eleições anteriores. Semanas antes, a capital russa tinha sido palco das maiores manifestações contra o Governo dos últimos anos em protesto contra a exclusão de quase todos os candidatos apoiados pela oposição.
Num vídeo publicado depois da operação policial, Navalni diz que “Putin está muito aborrecido”. “É óbvio que apenas o próprio Putin poderia ter dado a ordem para uma operação em tão larga escala”, afirmou.
Mais de um milhar de agentes foi mobilizado em cidades como Ecaterimburgo, Vladivostok, São Petersburgo, e até no enclave de Kaliningrado, naquilo que a porta-voz da Navalni, Kira Iarmich, definiu como “manobra de intimidação”.
A organização de Navalni é acusada pelas autoridades russas de ter operado um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou mil milhões de rublos (14 milhões de euros) entre 2016 e 2018, e, segundo a RT, as buscas terão sido feitas no âmbito dessas investigações. O Comité de Investigação, equivalente ao Ministério Público e na dependência do Presidente, diz que o dinheiro foi “obtido de forma criminosa” e foi canalizado para vários bancos sob a forma de donativos feitos por cidadãos.
Navalni rejeita as acusações, que diz serem uma forma de descredibilização por parte do Kremlin. O activista político tornou-se célebre nos meios oposicionistas russos depois de fazer publicamente várias denúncias de corrupção que envolviam altos dirigentes do Governo, incluindo o primeiro-ministro e ex-Presidente Dmitri Medvedev. O próprio Navalni foi detido em várias ocasiões, frequentemente por organizar manifestações não autorizadas.
O Golos, um grupo de monitorização eleitoral independente, disse que as casas dos seus funcionários também foram alvo de buscas.