Eurodeputados vão votar resolução que obriga a incluir o “backstop” no acordo de saída
Parlamento Europeu aumenta pressão sobre Boris Johnson e avisa que no deal será responsabilidade dele.
A sete semanas da data marcada para o “Brexit”, e sem quaisquer avanços nas negociações entre o Reino Unido e a União Europeia para a assinatura de um acordo de saída, o Parlamento Europeu veio aumentar a pressão sobre o Governo britânico, avisando o primeiro-ministro, Boris Johnson, de que não terá nenhuma tolerância ou complacência com qualquer solução que não garanta o status quo na ilha da Irlanda — isto é, que depois do divórcio não serão repostos os controlos fronteiriços que vigoraram ao longo dos Troubles.
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A sete semanas da data marcada para o “Brexit”, e sem quaisquer avanços nas negociações entre o Reino Unido e a União Europeia para a assinatura de um acordo de saída, o Parlamento Europeu veio aumentar a pressão sobre o Governo britânico, avisando o primeiro-ministro, Boris Johnson, de que não terá nenhuma tolerância ou complacência com qualquer solução que não garanta o status quo na ilha da Irlanda — isto é, que depois do divórcio não serão repostos os controlos fronteiriços que vigoraram ao longo dos Troubles.
Na próxima quarta-feira, os eurodeputados vão votar uma proposta de resolução sobre o “Brexit” que, como resumiu o presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, não podia ter uma mensagem mais clara: “Não haverá nenhum acordo de saída que não contenha o ‘backstop’”, frisou, referindo-se à cláusula de salvaguarda inscrita no tratado jurídico para evitar a reposição das fronteiras entre a Irlanda e a Irlanda do Norte.
Uma posição de princípio que, prosseguiu Sassoli, não impede que as equipas negociais de Londres e Bruxelas continuem a discutir o “backstop”. “Pela nossa parte, estamos mais do que disponíveis para aceitar a proposta original de aplicar este mecanismo apenas na Irlanda do Norte”, revelou o presidente do Parlamento.
Agora, se o primeiro-ministro britânico continuar a repetir que nem quer ouvir falar do “backstop”, escusa de vir a Bruxelas negociar o acordo de saída, avisou Sassoli. “Se ele não quer falar sobre isso é porque não quer falar de nada. E, nesse caso, não há mais nada para falar”, explicou o líder do Parlamento aos jornalistas, minutos depois de ser informado por Michel Barnier, o negociador da UE para o “Brexit”, do ponto de situação das conversas.
Downing Street insiste que existem inúmeras alternativas ao “backstop”, e que as negociações em curso estão a progredir de forma muito positiva, mas essa versão dos factos não podia estar mais distante da de Bruxelas. “Infelizmente, nenhuns dos sinais que temos indicam que vai ser apresentada qualquer proposta que permita reabrir as negociações”, contrapôs David Sassoli, manifestando a sua desilusão com o comportamento do Governo britânico.
Antecipando-se ao pingue-pongue político com Boris Johnson, os eurodeputados deixam claro na sua proposta de resolução que uma eventual saída do Reino Unido sem acordo será inteiramente da responsabilidade de Londres. Ao mesmo tempo, lembram que, mesmo num cenário de no deal, o Reino Unido continua obrigado a proteger os direitos dos cidadãos, a respeitar os seus compromissos financeiros e a manter em vigor o Acordo de Sexta-feira Santa.