Como foi o primeiro dia da extinção dos dinossauros?
Através de um cilindro rochoso, uma equipa internacional relata os momentos após o impacto que levou à extinção dos dinossauros.
Há cerca de 66 milhões de anos, um asteróide embateu no nosso planeta e formou a cratera de Chicxulub, na península do Iucatão (México). Pensa-se que o impacto provocou incêndios, desencadeou tsunamis e libertou tanto enxofre que terá bloqueado a luz do Sol. Tudo isto acabou por causar um arrefecimento global e contribuiu para a extinção dos dinossauros. Esta segunda-feira, num artigo científico publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), um grupo internacional de cientistas confirmou este cenário depois de ter analisado rocha extraída da cratera.
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Há cerca de 66 milhões de anos, um asteróide embateu no nosso planeta e formou a cratera de Chicxulub, na península do Iucatão (México). Pensa-se que o impacto provocou incêndios, desencadeou tsunamis e libertou tanto enxofre que terá bloqueado a luz do Sol. Tudo isto acabou por causar um arrefecimento global e contribuiu para a extinção dos dinossauros. Esta segunda-feira, num artigo científico publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), um grupo internacional de cientistas confirmou este cenário depois de ter analisado rocha extraída da cratera.
Através da Expedição 364, um grupo de cientistas foi ao Iucatão para ter novas provas dos momentos a seguir ao impacto do asteróide. Para isso, perfurou a cratera e extraiu um cilindro rochoso de vários metros, repartido depois em diferentes porções. Depois, analisou 130 metros dessa rocha, porque se pensa que a cratera ficou coberta por 130 metros de sedimentos em apenas 24 horas após o impacto.
Vejamos então o que nos contam esses 130 metros de rocha. A camada superior contém material que terá sido transportado de outros sítios por um tsunami causado pelo impacto do asteróide. Estima-se que esse impacto foi o equivalente a dez mil milhões das bombas atómicas iguais às usadas na Segunda Guerra Mundial e que o tsunami terá alcançado distâncias como o actual estado do Ilinóis, nos EUA, levando então para a cratera material de outros locais.
Também se detectou a presença de carvão vegetal nas camadas superiores, o que sugere que houve incêndios provocados pelo impacto do asteróide.
Já a brecha (rocha fragmentada) detectada entre os 40 e os 50 metros terá sido rapidamente depositada minutos após o impacto na cratera. Quanto aos 90 metros, são formados por detritos transportados pela água do oceano para a cratera num período de horas.
A equipa destaca ainda que não encontrou enxofre nos 130 metros de rocha, o que é surpreendente porque o asteróide terá embatido num leito rochoso composto por quantidades consideráveis de minerais de enxofre, como gipsite. Por isso, coloca-se a hipótese de o enxofre ter sido ejectado ou vaporizado, o que escureceu o planeta.
“Foi um dia importante na história da vida e [este estudo] documenta de forma clara o que aconteceu mesmo na estaca zero”, diz em comunicado Jay Melosh, da Universidade de Purdue e um dos autores do trabalho. Já Sean Gulick, da Universidade do Texas em Austin (nos EUA) e primeiro autor do estudo, salienta: “[Este trabalho] relata-nos os processos do impacto como se fôssemos uma testemunha ocular no local.”