Só 1% dos professores portugueses tem menos de 30 anos. OCDE avisa outra vez para o envelhecimento da classe
O problema acentuou-se na última década, sublinha a OCDE, na edição deste ano do relatório Education at a Glance
Não é uma absoluta novidade, mas o relatório anual sobre educação da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), Education at a Glance, que é apresentado esta terça-feira, dá novos indicadores para perceber a dimensão do envelhecimento da classe docente. Apenas 1% dos professores tem menos de 30 anos. Há uma década, eram 16%.
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Não é uma absoluta novidade, mas o relatório anual sobre educação da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), Education at a Glance, que é apresentado esta terça-feira, dá novos indicadores para perceber a dimensão do envelhecimento da classe docente. Apenas 1% dos professores tem menos de 30 anos. Há uma década, eram 16%.
O problema do envelhecimento acentuou-se na última década, com as medidas de austeridade sobre novas contratações na função pública e os efeitos da diminuição do número de alunos, a reduzirem ao mínimo a entrada de professores jovens. Se, em 2005, 16% da força de trabalho no sector tinha menos de 30 anos, actualmente só um 1% dos professores está nessa faixa etária.
De acordo com o Education at a Glance, Portugal tem mesmo a mais baixa percentagem de docentes com menos de 30 anos – a par da Itália. “A força de trabalho docente de Portugal tem envelhecido na última década e está entre os mais velhos de todos os países da OCDE”, sublinha aquele organismo internacional na ficha de análise dedicada a Portugal, que acompanha o relatório.
Em sentido contrário, nos últimos dez anos aumentou em 13 pontos percentuais a proporção de professores com 50 anos ou mais. Actualmente, 41% dos professores estão nesta faixa etária. Em 2005, eram 22%.
Há sete países com uma proporção de professores maiores de 50 anos superior à nacional, como a Áustria, a Alemanha, a Grécia e os países do Báltico. Em média, na OCDE, 36%. Todos os dados apresentados são relativos a 2017.
Outro indicador usado pela OCDE para avaliar o envelhecimento dos professores é a proporção de docentes em cada um dos grupos etários da população geral. Portugal apresenta uma das maiores diferenças entre a percentagem que os professores representam no grupo etário dos 25 aos 34 anos (0,6%) e o seu “peso” na população com 50 a 59 anos (3%). Grécia, Itália e Lituânia têm comportamentos semelhantes. Em países como Canadá, França, Alemanha ou Noruega, a proporção de professores nos dois grupos etários é similar.
O envelhecimento dos professores é uma das explicações para outro dos aspectos relevados pela OCDE no que toca às condições da docência – e que já tinha sido sublinhado por aquele organismo no Education at a Glance do ano passado. Os professores portugueses ganham mais do que os restantes trabalhadores que têm formação superior.
A OCDE oferece novos indicadores para entender o fenómeno, que é acentuado nas camadas mais jovens. Os professores com idades entre os 45 e 54 anos têm salários médios reais ligeiramente inferiores aos de outros trabalhadores com formação superior – perdem entre 2 a 7%. Já os professores mais jovens (na faixa etária entre os 25 e os 34 anos), que como o próprio relatório nota são poucos, ganham mais entre 45 e 48% do que os colegas de outras áreas com qualificações semelhantes.