Alemanha pronta a injectar “muitos milhares de milhões” na economia
Ministro alemão das Finanças diz que em caso de crise, o Estado alemão tem o dinheiro que é preciso para ajudar a economia a recuperar.
Se as economias alemã e europeia entrarem em recessão, as finanças públicas alemãs têm força suficiente para lançarem estímulos orçamentais de grande dimensão, garantiu esta terça-feira o ministro alemão das Finanças.
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Se as economias alemã e europeia entrarem em recessão, as finanças públicas alemãs têm força suficiente para lançarem estímulos orçamentais de grande dimensão, garantiu esta terça-feira o ministro alemão das Finanças.
A falar num debate parlamentar em Berlim, Olaf Scholz disse que a Alemanha “está actualmente numa posição em que pode enfrentar uma crise económica como muitos, muitos milhares de milhões de euros, no caso de uma crise realmente ocorrer na Alemanha e na Europa”.
No segundo trimestre deste ano, a economia alemã contraiu-se 0,1%, havendo sinais de que uma nova variação negativa possa ocorrer durante o terceiro trimestre, o que colocaria a o país numa situação de recessão técnica (definida como dois trimestres consecutivos de variação negativa do PIB).
Estes dados têm feito aumentar os apelos, tanto internamente como no exterior, para que a Alemanha adopte uma política orçamental mais expansionista, apoiando o crescimento económico por via de um reforço do investimento público e de aumentos salariais mais generosos no sector público.
Embora nunca colocando em causa as regras orçamentais alemãs que impedem um aumento do nível de dívida, o ministro das Finanças defendeu as vantagens de aplicação de medidas orçamentais contra-cíclicas num momento de crise. “Será muito importante para nós, como maior economia da União Europeia, que sejamos capazes de contrariar uma tendência económica negativa”, disse.
Estas declarações surgem dois dias antes de uma esperada reunião do conselho de governadores do Banco Central Europeu, de onde poderão sair algumas medidas de estímulo monetário, como uma nova redução das taxas de juro. No entanto, os responsáveis do BCE têm vindo a avisar que os instrumentos à sua disposição se estão a tornar cada vez mais limitados, apelando a que os Estados com margem orçamental disponível possam também contribuir com mais investimento.
Neste momento, o Estado alemão beneficia da possibilidade de emitir nova dívida pública, mesmo com um prazo de 30 anos, a taxas de juro negativas, o que na prática significa que é remunerado por receber um empréstimo. Depois de Olaf Scholz ter mostrado de forma clara a disponibilidade para abrir a porta a uma política mais expansionista em caso de crise, as taxas de juro da dívida alemã subiram, antecipando um cenário de aumento do volume de emissões de dívida.