Cristiano Ronaldo tira um póquer da manga
Portugal venceu em Vílnius por 1-5 e segurou o segundo lugar do Grupo B de qualificação para o Europeu.
Com um póquer de Cristiano Ronaldo, a disfarçar uma noite que teve alguns momentos de menor clarividência, Portugal superou as próprias dúvidas, especialmente as suscitadas pela primeira parte, em que permitiu uma gracinha à Lituânia, em Vílnius. Apesar de tudo, o campeão europeu venceu a segunda final consecutiva (1-5), dando um passo firme na aproximação ao primeiro lugar do Grupo B, que continua de posse da Ucrânia, com cinco pontos de vantagem e mais um jogo disputado.
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Com um póquer de Cristiano Ronaldo, a disfarçar uma noite que teve alguns momentos de menor clarividência, Portugal superou as próprias dúvidas, especialmente as suscitadas pela primeira parte, em que permitiu uma gracinha à Lituânia, em Vílnius. Apesar de tudo, o campeão europeu venceu a segunda final consecutiva (1-5), dando um passo firme na aproximação ao primeiro lugar do Grupo B, que continua de posse da Ucrânia, com cinco pontos de vantagem e mais um jogo disputado.
Com três alterações em relação ao “onze” apresentado frente à Sérvia, Fernando Santos concedeu pela primeira vez a titularidade a João Félix, na fase de qualificação para o Campeonato da Europa. O “colchonero” aproveitou o ensejo para, de pronto, ajudar a desmontar a estratégia lituana, originando o penálti que Cristiano Ronaldo se encarregou de transformar na vantagem natural e esperada de Portugal. Com apenas sete minutos decorridos, na sequência de um bom lance de entendimento entre os dois homens do ataque de Fernando Santos, tudo parecia simplificado.
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A sempre complicada adaptação ao tapete sintético não constituía óbice e os campeões europeus pareciam estar apenas a aquecer perante um adversário demasiado humilde, disposto a ser pacificamente encaminhado para o altar de sacrifício.
Na ausência de um ponta-de-lança puro, o idolatrado Cristiano Ronaldo procurava assumir a responsabilidade. Contudo, fosse por capricho da bola, do relvado ou do próprio “capitão” português, as coisas não estavam a sair como esperado.
Para agravar o quadro, Ernestas Setkus parecia determinado em roubar a cena ao português, coleccionando defesas atrás de defesas — algumas providenciais — que tiveram o condão de enervar uma selecção portuguesa afectada pelos momentâneos e evidentes problemas de finalização.
João Félix, João Cancelo e Bernardo Silva bem tentavam, explorando com alguma facilidade o jogo exterior e criando sucessivas ocasiões que acabavam por esfumar-se nos pés dos companheiros. Nessa fase, nada parecia bater certo, como se percebeu numa tentativa de bicicleta de Cristiano. Atenta, a Lituânia, que nem em desvantagem ousou prescindir dos dois blocos de quatro homens, aproveitou um canto para bater Rui Patrício e, assim, obter o golo da igualdade, por Andriuskevicius, sensivelmente a 20 minutos do intervalo.
O choque era evidente e Portugal procurava corrigir o mais rapidamente possível. Mas a solução tardava e a formação lusitana haveria de precisar de uma profunda reflexão no balneário. O descanso ajudou a acalmar, mas foi Cristiano Ronaldo a recuperar a táctica do ketchup, arrasando por completo um adversário que nunca mais encontrou forças para incomodar Rui Patrício.
Sem nenhuma explicação plausível, o herói Ernestas Setkus vestia a pele de vilão, falhando de forma estrondosa uma defesa aparentemente fácil, após remate traiçoeiro de Ronaldo. O guarda-redes da Lituânia contribuía, assim, de forma decisiva para uma segunda parte de gala de Portugal e de Cristiano, que em menos de 15 minutos completaria o póquer, aproximando-se rapidamente da centena de golos ao serviço da selecção nacional (tem 93), a caminho de tornar-se no máximo goleador da história das selecções. O que avançado da Juventus conseguiu ontem foi chegar aos 25 golos em fases de qualificação para Europeus, ultrapassando Robbie Keane (23) no topo dessa lista particular.
Apesar de ter, mais uma vez, reclamado por inteiro o papel de grande e incontornável figura da partida, Cristiano beneficiou, em grande medida, do acerto de Bernardo Silva, que, a par de João Félix, criou enormes problemas à defesa da Lituânia. Félix dispôs, igualmente, de um excelente punhado de ocasiões para tornar ainda mais perturbador o pesadelo do lanterna-vermelha do grupo, que já acumula 18 partidas oficiais sem qualquer vislumbre de vitória, provando ser incapaz de reforçar um dique que nem depois da saída de Ronaldo impediu nova fuga.
Já com Rafa (assistiu Cristiano no 1-2), Gonçalo Guedes e Pizzi em campo, e sem a mínima preocupação defensiva, Portugal ainda alargou a vantagem, chegando ao quinto golo, assinado por William Carvalho. Depois de ter marcado frente à Sérvia, o médio voltou a revelar-se uma presença oportuna na área lituana, encerrando mesmo uma história que, apesar de nunca ter chegado a ameaçar verdadeiramente a clara superioridade da selecção portuguesa, mostrou uma certa dependência do poder de explosão de Cristiano Ronaldo, que a campanha na Liga das Nações tinha, de alguma forma, diluído.