O furacão destruiu tudo nas ilhas Abaco, até a vontade de ficar dos sobreviventes

O número oficial de mortos da passagem do Dorian pelas Bahamas continua nos 43, mas o primeiro-ministro diz que o número “deve aumentar significativamente”. As Abaco foram as mais atingidas.

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As ilhas Abaco foram as mais atingidas pela passagem do furacão, com 36 dos 43 mortos já confirmados nas Bahamas Marco Bello/Reuters

O furacão Dorian que atingiu as Bahamas no domingo passado destruiu tudo à sua passagem. E em nenhum lugar é tão visível como nas ilhas Abaco, no Norte do arquipélago, onde viviam 36 dos 43 mortos já confirmados. Além desses mortos e dos muitos outros que se temem ainda vir a ser encontrados, nas Abaco nada funciona: nem água, nem luz, nem telecomunicações. Quase uma semana depois da passagem do furacão, a ajuda não chegou a toda a população que só quer sair o mais depressa possível.

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O furacão Dorian que atingiu as Bahamas no domingo passado destruiu tudo à sua passagem. E em nenhum lugar é tão visível como nas ilhas Abaco, no Norte do arquipélago, onde viviam 36 dos 43 mortos já confirmados. Além desses mortos e dos muitos outros que se temem ainda vir a ser encontrados, nas Abaco nada funciona: nem água, nem luz, nem telecomunicações. Quase uma semana depois da passagem do furacão, a ajuda não chegou a toda a população que só quer sair o mais depressa possível.

“A minha casa desapareceu, desapareceu tudo; só me resta isto”, afirma o jardineiro Eddie Peredema apontando para a T-shirt que tem vestida. “Precisamos de comida, precisamos de abrigo. Precisamos de ajuda já”, acrescenta, citado pela reportagem do Washington Post em Marsh Harbour, principal cidade das Abaco e terceira maior cidade das Bahamas.

Muitas pessoas ainda estão desaparecidas (as autoridades falam em milhares), muitos cadáveres jazem abandonados um pouco por todo o lado, decompondo-se. As pessoas que falam com os jornalistas descrevem a luta com o vento e a água que inundou tudo muito rapidamente.

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“Reconhecemos que há muita gente desaparecida e que o número de mortos deve aumentar significativamente”, disse o primeiro-ministro Hubert Minnis em comunicado, divulgado na noite de sexta-feira. “É uma das duras realidades que estamos a enfrentar nesta hora de escuridão”, acrescentou.

Em Marsh Harbour, os sobreviventes aguentam como podem, sem saber para onde ir. Chegam ao porto para embarcar num barco qualquer que os leve para porto seguro e mandam-nos para o aeroporto. No aeroporto dizem que não há aviões para os levar e enviam-nos para o porto. Cinco dias assim, a dormir ao relento no chão. Uns empurram carros de supermercado com o que conseguiram salvar, outros deambulam pelos escombros em busca de qualquer coisa a que possam dar uso.

Uma mulher conta como os corpos do irmão e da mãe ainda jazem em casa, dias depois de terem morrido afogados. Num vídeo do Washington Post, as pernas de um corpo vêem-se debaixo da estrutura de cimento que desabou e lhe terá provocado a morte.

“Ninguém pode ajudar ninguém em Abaco, não há nenhum lugar seguro, tudo está destruído”, afirmou à Reuters Firstina Swain, que também perdeu a sua casa. “As pessoas de Abaco têm de sair daqui, há demasiados cadáveres e não me parece que tenham conseguido encontra-los todos”, acrescentou.

O furacão Dorian, de categoria 5, passou pelas Bahamas com ventos de mais de 300 km, destruindo ou danificando mais de 13 mil casas e deixando 76 mil pessoas a precisar de ajuda, incluindo sobreviventes a precisarem de atenção médica. As primeiras estimativas apontam para estragos no valor de sete mil milhões de dólares (6,35 mil milhões de euros).

Em Marsh Harbour, para qualquer lado que se olhe, vê-se destruição. Os serviços públicos foram devastados. Os supermercados, os restaurantes, as farmácias, tudo desapareceu.

Na sexta-feira, finalmente, centenas de pessoas conseguiram deixaram a ilha de barco e avião, mas milhares ainda aguardavam este sábado para embarcar num navio de cruzeiro que zarpou da Grande Bahama, a pouca distância.