Incêndios em Aveiro em resolução. Em todo o país estiveram no terreno mais de 2700 bombeiros
Em Albergaria-a-Velha mais de 40 pessoas, entre as quais várias crianças, foram retiradas de instituições e habitações. Várias estradas, incluindo a A1 no troço entre Albergaria e Aveiro Sul, estiveram cortadas durante a manhã e tarde desta sexta-feira, mas neste momento não há estradas cortadas na região.
O presidente da Câmara de Albergaria-a-Velha, António Loureiro, garantiu esta sexta-feira que o incêndio que lavra desde quinta-feira em alguns pontos do concelho está “dominado” e que as populações já estão a regressar às suas habitações. “Felizmente, ao fim destes dois dias, damos praticamente como circunscrito o incêndio”, disse o autarca.
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O presidente da Câmara de Albergaria-a-Velha, António Loureiro, garantiu esta sexta-feira que o incêndio que lavra desde quinta-feira em alguns pontos do concelho está “dominado” e que as populações já estão a regressar às suas habitações. “Felizmente, ao fim destes dois dias, damos praticamente como circunscrito o incêndio”, disse o autarca.
Segundo a página da Protecção Civil, o incêndio na localidade de Paus está em fase de resolução, mobilizando ainda 30 operacionais, 100 viaturas e três aeronaves.
Em declarações aos jornalistas, no ponto de operações em Albergaria-a-Velha, António Loureiro agradeceu aos cerca de 600 operacionais que estiveram, durante estes dois dias, a combater as chamas e a “defender as pessoas e o nosso património ambiental”.
“Os meios aéreos ainda continuam a operar. Foram uma grande ajuda, mas não nos podemos esquecer daqueles que tiveram estas 48 horas no terreno com um fator negativo que foi o vento, o maior inimigo”, frisou.
Questionado sobre qual seria a previsão para os próximos dias, o autarca adiantou que o cenário será “complicado”, e “desafiante” para os bombeiros, uma vez que a área ardida em Albergaria-a-Velha e Águeda ultrapassa os dois mil hectares.
“Temos aqui uma área de dois mil hectares, mais os 500 hectares de Águeda, 2500 hectares no seu total, onde vai ser necessário uma actividade de vigilância maior e uma actividade de disponibilidade dos bombeiros para responder aos reacendimentos”, referiu.
O autarca adiantou ainda que a área envolvente às habitações de vários pontos do concelho já foi analisada e que, neste momento, as populações já começam a regressar às suas casas. Os vários incêndios foram considerados dominados ou controlados ao início da noite de quinta-feira, mas reacendimentos ocorridos de madrugada devido aos ventos fortes levaram ao corte da circulação na A1, entre Estarreja e Aveiro Sul e na A25, junto ao nó do Carvoeiro, bem como a condicionar o IC2 entre Águeda e Albergaria-a-Velha.
A Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC) activou meios aéreos, que começaram a actuar em Albergaria-a-Velha, apesar de “alguns constrangimentos devido ao vento”, por força das condições meteorológicas adversas e ao início da manhã participavam no combate às chamas cerca de 600 bombeiros, de várias corporações do país.
Os incêndios que deflagraram nos distritos Aveiro e do Porto mobilizavam, no início da tarde desta sexta-feira, mais de 900 operacionais — no país todos há 2700 no terreno. O combate às chamas obrigou ao corte de várias estradas no distrito de Aveiro. Duas aldeias em Albergaria-a-Velha tiveram de ser evacuadas, avança a RTP.
Às 17h40, o incêndio que deflagrou na quinta-feira de manhã na localidade de Paus, concelho de Albergaria-a-Velha, continuava activo e mobilizava 387 operacionais, apoiados por 111 meios terrestres e 11 meios aéreos. “Durante a noite foi preciso proteger algumas habitações. Este incêndio atravessou o perímetro urbano”, explicou o comandante.
No incêndio em Águeda, entretanto em fase de resolução, existiu “dificuldade em empregar meios aéreos”, avaliou fonte do Comando Nacional da Protecção Civil ao PÚBLICO – todos os meios aéreos estavam a ser usados no combate ao fogo de Albergaria-a-Velha. O incêndio que deflagrou em Veiga (também no concelho de Águeda) durante o dia de quinta-feira e manhã de sexta-feira já foi, entretanto, dominado (e não extinto), informou a mesma fonte.
A auto-estrada 1 (A1) esteve cortada ao trânsito entre Albergaria e Aveiro Sul, mas foi entretanto reaberta. Também a Estrada Nacional 16-2 esteve cortada durante a manhã desta sexta-feira, tal como a A25 (no nó de Angeja Carvoeiro) e o IC2 (no nó de Albergaria e Lamas do Vouga), mas o trânsito já circula.
O autarca de Albergaria-a-Velha, António Loureiro, não descarta a hipótese de que o incêndio coloque em perigo algumas habitações, dada a imprevisibilidade do vento. “Depois de nas últimas 24 horas o esforço dos bombeiros ter incidido em afastar o incêndio das habitações, o vento que se faz sentir faz temer por reacendimentos e pode colocar habitações em perigo”, disse o presidente da Câmara.
Devido aos incêndios, as câmaras municipais de Águeda e Albergaria-a-Velha accionaram os respectivos planos municipais de emergência, o que permite aos respectivos presidentes accionar e mobilizar recursos, nomeadamente máquinas e equipamentos julgados úteis para auxiliar no combate às chamas e na protecção de pessoas e bens.
Mais de 40 pessoas retiradas
António Loureiro confirmou também que já foram retiradas mais de 40 pessoas, entre as quais várias crianças, de instituições e habitações de vários pontos do concelho. O autarca confirmou que durante a tarde desta quinta-feira foram retiradas 19 crianças e dois adultos da Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) Aconchego, situada numa das principais “artérias” de Albergaria-a-Velha. Foram também retirados vários moradores da localidade da Cova do Fontão e de São João de Loure, sendo que quatro pessoas acabaram por “ficar” nas suas casas.
À Lusa, o autarca admitiu ainda não saber qual o número preciso de habitações evacuadas nas duas localidades. Esta manhã foi ainda evacuado um acampamento, no qual estavam quatro bebés, 18 crianças e quatro mães.
O presidente da Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha contou que naquele concelho a situação se manteve “complexa” devido à mudança do vento. “O cenário é complicado e temos de ter em consideração que este incêndio tem um perímetro de dois mil hectares, o que, para fazer o rescaldo e todo o controlo, é de uma complexidade enorme”, disse, adiantando prever um “cenário complicado para os próximos dois dias”.
As Forças Armadas também enviaram para o distrito de Aveiro três máquinas de rasto do Exército, “para apoiarem na abertura de caminhos que facilitem o acesso dos operacionais que combatem os incêndios”.
Pelas 17h40, estavam 2710 operacionais no terreno a resolver ocorrências por todo o país, de acordo com a informação disponível no site da Protecção Civil. Estão a ser apoiados por 835 veículos e 193 meios aéreos. Mais de 800 operacionais combatem incêndios que deflagraram no distrito de Aveiro.
Fogo próximo de casas
No lugar de Cova do Fontão, também em Albergaria-a-Velha, cerca de dez casas estavam em risco pelas 13h desta sexta-feira, como o PÚBLICO testemunhou no local. Os moradores tentam travar as chamas próximas com os poucos meios que tinham, regando a área envolvente com mangueiras, ao lado dos bombeiros ou sozinhos. O combate às chamas era dificultado nesta zona pelo terreno acidentado e pelo vento que não dava tréguas.
Já em Vale da Silva, no mesmo concelho, os moradores mantinham-se vigilantes. Mais do que fazer contas aos estragos registados durante a madrugada, ainda estão de olhos postos na floresta e a ajudar os bombeiros. Isabel Costa, proprietária de uma unidade de alojamento local, ainda vivia momentos de intranquilidade ao ver fumo na envolvente da sua quinta. “Tive de mandar os hóspedes embora às 5h da manhã e arrancar com a minha filha e os cães daqui para fora”, contou.
Muito próximo dali são também visíveis os estragos na propriedade de um apicultor. Os vizinhos apontam o dedo à falta de limpeza das matas. “É a miséria que se está a ver”, criticava Carlos Nogueira.
"Ardeu tudo. Tantas horas de trabalho”
A localidade de São Marcos, Albergaria-a-Velha, é um dos pontos que na manhã desta sexta-feira causa maior preocupação às autoridades face aos incêndios em curso naquela zona. Há um canil em perigo, estando já a ser retiradas dezenas de cães do local. A associação responsável pelo espaço está a chamar voluntários para ajudarem na operação.
As chamas já destruíram também mais de 30 colmeias naquela localidade que asseguravam algum rendimento à família de Alice Afonso. “Ardeu tudo. Tantas horas de trabalho”, lamentou a produtora de mel. A unidade situada em São Marcos já ardeu durante a madrugada, mas o fogo ainda não permitiu que os proprietários chegassem ao local para avaliar os estragos. Mas há algo que é certo, os proprietários não poderão recorrer à ajuda de um seguro: “não tínhamos seguro, porque não dá para fazer às colmeias”, declarou Fábio Afonso, filho de Alice Afonso.
Ainda no distrito de Aveiro, o fogo que deflagrou na quinta-feira às 11h29 na freguesia de Macinhata do Vouga, Águeda, mobilizava 155 operacionais, com o auxílio de 44 veículos, mas já se encontrava em fase de resolução pelas 18h.
Por dominar nesta tarde, está ainda o fogo que deflagrou às 23h36 nas freguesias de Teixeira e Teixeiró, concelho de Baião, no distrito do Porto, e que ainda tem uma frente activa na zona de Viariz (três já foram dominadas durante o dia). Segundo confirmou ao PÚBLICO fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) do Porto, pelas 17h40 o incêndio estava a ser combatido por 207 operacionais, com o apoio de 66 veículos e uma aeronave.
À Lusa o comandante de Santa Marinha do Zêzere disse esperar uma evolução favorável para as próximas horas. “A frente está activa, mas tem vindo a ceder”, afirmou Márcio Vil, referindo que os meios de combate no terreno têm permitido controlar o incêndio florestal, apesar do vento forte que se faz sentir na região.
Referiu também que não há casas em risco e que a frente activa tem cerca de 150 metros de extensão, em zona de matos. Durante a manhã a Estrada Nacional 101 esteve cortada, mas foi entretanto reaberta.
Quase 100 concelhos em risco máximo de incêndio
Cerca de uma centena de concelhos de 13 distritos de Portugal continental apresentam nesta sexta-feira risco máximo de incêndio, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Em risco máximo de incêndio estão cerca de cem concelhos dos distritos de Faro, Beja, Castelo Branco, Portalegre, Santarém, Leiria, Coimbra, Guarda, Viseu, Porto, Aveiro, Vila Real, e Bragança. O IPMA colocou ainda vários concelhos de todos os distritos de Portugal continental em risco muito elevado e elevado de incêndio. Este risco de incêndio determinado pelo IPMA tem cinco níveis, que vão de reduzido a máximo, sendo o elevado o terceiro nível mais grave.
Por causa do tempo quente, o IPMA colocou sob aviso amarelo os distritos de Leiria, Lisboa, Setúbal, Évora, Beja e Faro até às 21h de sábado. O aviso amarelo, o terceiro de uma escala de quatro, revela situação de risco para determinadas actividades dependentes da situação meteorológica.
Pela mesma razão, o Governo declarou na terça-feira a situação de alerta de agravamento do risco de incêndio florestal entre as 00h00 de quarta-feira e as 23h59 de domingo, para todo o território continental.
Para prevenção, a GNR está a realizar patrulhas aéreas de vigilância e fiscalização, sendo que a primeira aconteceu na quinta-feira. O objectivo é “detectar actividades que violem o previsto na referida declaração, ou que configurem comportamentos suspeitos da prática de crimes”, lê-se num comunicado daquela guarda.
Como resultado do reforço de fiscalização (tanto aérea como terrestre) foram detidas duas pessoas pela prática do crime de incêndio florestal: uma mulher em Cinfães e um homem em Albergaria-a-Velha.
Ainda é cedo para saber se o homem que foi detido é o responsável pelo fogo que ainda decorre em Albergaria-a-Velha, uma vez que existiram vários focos de incêndio naquele concelho ao longo de quinta-feira, explica o major Bruno Ribeiro, da GNR, ao PÚBLICO. A investigação ainda decorre.
Recorde-se que até ao dia 8 estão proibidas a realização de “queimadas e de queimas”, “acesso, circulação e permanência no interior dos espaços florestais, bem como nos caminhos florestais, caminhos rurais”, “realização de trabalhos nos espaços florestais, com recurso a roçadoras de lâminas ou discos metálicos a motor, corta-matos, destroçadores e máquinas com lâmina ou pá frontal”. Com Lusa