Re(Inventar) um novo ano letivo: deixar ir
Vamos recordar que não são só os mais novos que aprendem… temos muito, mas mesmo muito, a aprender com eles, ou quem sabe a recordar.
Um novo ano letivo aproxima-se. Poucas semanas faltam para que se entre num ritmo desenfreado de professores a preparar matéria e testes, alunos a rever amigos (sem se darem conta de que o primeiro período já conta para a caminhada letiva) e de pais preparados para a luta contra o professor se algo correr fora do âmbito esperado ou estipulado, e em organização familiar para que nada falhe na escola, caso contrário um sentimento de culpa atroz atravessa-os impiedosamente. Os preparativos começam, atenção - não recomeçam. Professores e alunos preparam-se para uma nova entrada letiva, com novas expectativas e esperanças.
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Um novo ano letivo aproxima-se. Poucas semanas faltam para que se entre num ritmo desenfreado de professores a preparar matéria e testes, alunos a rever amigos (sem se darem conta de que o primeiro período já conta para a caminhada letiva) e de pais preparados para a luta contra o professor se algo correr fora do âmbito esperado ou estipulado, e em organização familiar para que nada falhe na escola, caso contrário um sentimento de culpa atroz atravessa-os impiedosamente. Os preparativos começam, atenção - não recomeçam. Professores e alunos preparam-se para uma nova entrada letiva, com novas expectativas e esperanças.
O ano transato terá deixado fortes marcas quer nos professores por muitas das suas lutas, por alunos e por eles próprios, onde o cansaço se apoderou de forma esgotante no final. Em troca deste desgaste todo, alunos e professores entregaram o que de melhor tinham para que o final letivo fosse o melhor possível dentro do que melhor sabiam e podiam… quer para o melhor ou para o “menos melhor”. É assim que funcionamos, por motivos pessoais, humanos ou até culturais deixamos tudo para o fim e no caso dos alunos não é exceção. Talvez seja porque assim estão a ser ensinados. A educação, como já disse inúmeras vezes, faz-se pelo exemplo. Eles aprendem connosco. Se nós podemos, eles também podem. A rotura a que chegámos no ano letivo passado poderá ser assumida como um ensinamento de muitas experiências boas e menos boas. Por muitas emoções que tenham existido: greves, muitas reuniões entre professores e de pais com professores em prol do aluno, tudo serviu para ensinamento. Vamos recordar que não são só os mais novos que aprendem… temos muito, mas mesmo muito, a aprender com eles, ou quem sabe a recordar. Por vezes ao assumirmos um papel de ser superior pela idade liberta-nos da humildade que deveríamos ter para ensinar. Isto é verdade na educação escolar mas também, familiar. E se quisermos podemos considerar que este mesmo padrão chega às lideranças governamentais. Os governantes também são educadores, ou nunca tinham pensado nisso, arrastam multidões educadas por eles! Neste último caso lembrem-se que passaram por esta fase de ser aluno e uma ajuda vossa para que o ensino mude e se adeque aos alunos, sejam eles de que naturezas forem é importante! São seres humanos que merecem uma oportunidade social e jamais uma crucificação por terem nascido diferentes! “Normais” (ninguém é normal), hiperativos, sobredotados, atrasos do desenvolvimento psicomotor...
Lembram-se pais, professores, governantes quando estavam no lugar dos vossos filhos? Talvez sim, talvez não. A memória é curta? Pois, é para todos sobretudo quando isolados da humildade, achamos que sabemos tudo! E claro com o envelhecimento… jamais vai descurar este pormenor característico da nossa existência. Mas lembrem-se - recordamos o que queremos. No entanto, façam um exercício de regresso à vossa infância ou adolescência e recordem-se do que sentiam relativamente à escola. Estamos numa fase na qual os pais assumem todas as defesas e ataques possíveis a filhos e professores. O mesmo é verdade em sentido inverso. Professores defendem e atacam em simultâneo alunos e pais. Ao mesmo tempo que tudo fizeram pelo seu aluno, há sempre defeitos que são considerados e não entendidos como potenciais qualidades. Transformar o que queremos ensinar em algo entendido pelo aluno transforma mentes e facilita o trajeto de ensino. Penso que os professores ainda não entenderam que formar alunos é diferente de transformar. Transformar significa: modificar; renovar; alterar. Formar significa: conferir um feitio; ter a forma de; assemelhar-se a. Pois é… enquanto transformar leva à modificação, a formação leva ao tornar semelhante. Mas isto continuará se quem pode, ou seja governa, jamais permitir que professores sejam criativos, livres para educar sem terem que cumprir programas que no futuro metade ou mais de metade já esqueceu a matéria, porque é inútil! Eu esqueci muita… vocês não?
A criatividade e a capacidade de tornar alunos aparentemente sem potencial em pequenos génios ao fornecer as ferramentas possíveis para que se TrasnFormem estas mentes é real. O mesmo acontece com os pais: os filhos são expectativas, mas muitas vezes esperamos dos outros aquilo que não nos conseguem demonstrar. Temos expectativas altas e desiludimo-nos quando não correspondem. Os filhos jamais são o nosso espelho, nem nós o deles. São o que são, mas não entendemos e não os aceitamos. Os filhos tornam-se um espelho do que os pais acham que deve ser porque também eles se olham ao espelho social que dita regras na maioria das vezes deturpadas, falsas e inúteis. Somos o que somos, com defeitos, qualidades, aprendemos mais depressa ou mais devagar, mas todos temos um potencial infinito que se for explorado é inimaginável. Agora alunos: vocês já vão de pé atrás com os vossos professores, porque são obsoletos, “cotas”, sabem apenas debitar matéria. Os vossos professores são bem mais do que isso, têm uma história de vida que também foi infância, adolescência e agora depois de tanta experiência vivida transmitem-vos o que sabem da melhor forma que lhes é possível… quero muito acreditar nisto e sei que vocês pais e professores também.
Por isso, este ano pode ser ReInventado e deixar ir o que passou. Quezílias entre professores, alunos, pais ficaram para trás. Este é um novo ano letivo no qual como pais e seres sociais depositamos a confiança e esperança no ensino. Governantes pensem em estratégias de tornar futuros seres sociais produtivos para a sociedade aproveitando ao máximo as suas capacidades associadas à sua felicidade. Demagógico? Talvez… mas se não fosse a demagogia jamais teríamos evoluído. Demagogia também, se reveste de Inovação… vamos todos ReInventar este ano letivo, sem medo de dizer o que nos vai na alma e ajudar a TransFormar Mentes. O medo limita-nos, mas a coragem faz-nos transcender barreiras aceitando e tornando tudo possível. Pensem nisso…
A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico