Piloto morre em queda de helicóptero em Valongo. Era comandante dos bombeiros de Cete
Acidente aconteceu na zona de Sobrado. O piloto, a única vítima mortal, era comandante dos Bombeiros Voluntários de Cete e piloto da Força Aérea.
Um helicóptero que combatia um incêndio caiu na tarde desta quinta-feira, na zona de Sobrado, em Valongo, disse ao PÚBLICO fonte dos Bombeiros Voluntários de Valongo. O piloto morreu, confirmou ao PÚBLICO o presidente da Helibravo, João Bravo, a empresa que operava a aeronave.
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Um helicóptero que combatia um incêndio caiu na tarde desta quinta-feira, na zona de Sobrado, em Valongo, disse ao PÚBLICO fonte dos Bombeiros Voluntários de Valongo. O piloto morreu, confirmou ao PÚBLICO o presidente da Helibravo, João Bravo, a empresa que operava a aeronave.
O piloto era o único tripulante do helicóptero, disse à Lusa o comandante distrital da protecção civil do Porto. “A brigada de operacionais de combate a incêndio estaria fora do helicóptero, teriam ficado em solo”, adiantou Carlos Alves.
A vítima mortal, Noel Ferreira, de 36 anos, era comandante dos Bombeiros Voluntários de Cete, em Paredes, adiantou à Lusa fonte da câmara local. A vítima assumia a liderança da corporação há cerca de dois anos.
A mesma fonte acrescentou à Lusa que o comandante residia no Montijo, distrito de Setúbal, e operava aeronaves em vários pontos do país para uma empresa privada.
Contactada pelo PÚBLICO, fonte da Força Aérea Portuguesa confirmou que Noel Ferreira prestava também serviço na esquadra 751, sediada na Base Aérea do Montijo. A mesma fonte referiu ainda que o capitão tinha solicitado autorização para pilotar aeronaves da companhia proprietária do helicóptero e que estava autorizado a exercer tal função. O piloto pertenceria à Força Aérea há mais de 15 anos.
O helicóptero estava ao serviço da Afocelca, um agrupamento complementar de empresas ligado às celuloses que possui uma estrutura profissional que tem por missão apoiar o combate aos incêndios nas propriedades dos grupos Navigator e Altri e nas zonas limítrofes. O helicóptero, apesar de não estar ao serviço da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil, integra o dispositivo de combate aos incêndios rurais.
Em comunicado, fonte oficial da Afocelca confirmou “a morte de um dos seus colaboradores na sequência da queda do helicóptero hoje em Sobrado, concelho de Valongo, durante o apoio ao combate a um incêndio”. A mesma fonte avança que “as circunstâncias em que ocorreu o acidente estão a ser apuradas pelas autoridades competentes”.
Ao PÚBLICO fonte dos Bombeiros Voluntários de Valongo esclareceu que se encontram no local uma equipa dos bombeiros, duas ambulâncias e vários veículos.
O alerta para o incêndio foi dado pelas 16h05. Pelas 16h45, no combate às chamas estavam 47 operacionais, apoiados por dez viaturas e duas aeronaves.
Num ponto de situação efectuado no local, cerca das 19h20, o comandante Bruno Fonseca, dos Bombeiros Voluntários de Valongo, adiantou que o helicóptero — que tinha acabado de largar uma equipa de operacionais no terreno — se encontrava a combater as chamas quando caiu. Após a queda, o aparelho “ficou completamente tomado pelas chamas”, disse Bruno Fonseca, não tendo sido ainda possível averiguar se o helicóptero foi tomado pelas chamas do incêndio para o qual tinha sido mobilizado ou se houve uma nova ignição na sequência da queda.
O comandante não descartou a possibilidade de o aparelho ter chocado contra cabos eléctricos, no entanto, as autoridades competentes (incluindo uma equipa da REN) encontram-se ainda a investigar as circunstâncias em que ocorreu o acidente.
As autoridades já localizaram a aeronave, tendo sido possível confirmar a existência de uma vítima mortal. O piloto, que pertencia aos Bombeiros Voluntários de Cete, era, segundo Bruno Fonseca, um “comandante com muita experiência” e um “excelente operacional”.
Pelas 19h20 o incêndio em Valongo encontrava-se já em fase de rescaldo. Durante a noite irão permanecer equipas no terreno para evitar reacendimentos.
Autoridades vão investigar o acidente
Uma equipa do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) vai investigar o acidente. “Fomos notificados do acidente e uma equipa de investigação está a caminho para recolha de evidências”, disse à Lusa Nelson Oliveira, director do GPIAAF. Pelas 19h55, a equipa do GPIAAF não tinha ainda chegado ao local.
Com este acidente, contabilizam-se pelo menos seis desastres com aeronaves de combate a incêndios durante este ano, depois de se terem registado situações em Ferreira do Zêzere e Tomar junto à Barragem de Castelo de Bode (distrito de Santarém), Pampilhosa da Serra (Coimbra), barragem do Beliche (Algarve) e Sabugal (Guarda).
Marcelo dirige condolências aos familiares
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já dirigiu condolências aos familiares do piloto. Segundo a página oficial da presidência, “foi com grande consternação que o Presidente da República acabou de receber a trágica notícia que dá conta da queda de um Celca durante o combate a um incêndio na zona de Valongo, da qual resultou, infelizmente, a perda de vida do piloto, dirigindo por isso aos seus familiares e amigos uma palavra de sentidas condolências”.
“O Presidente da República quer ainda agradecer a todos os homens e mulheres que estão no terreno, mesmo perante um momento tão difícil como o da perda de um colega e concidadão, por continuaram a sua exigente missão de proteger o próximo”, acrescenta a mensagem.
Também o ministro da Administração Interna manifestou, em comunicado, “profundo pesar pela morte do Capitão Noel Ferreira, na sequência da queda da aeronave, ocorrida esta tarde, em Sobrado, concelho de Valongo”.
“Neste momento trágico, transmite um voto de solidariedade aos familiares, amigos e colegas da vítima. Destaca igualmente a dedicação de Noel Ferreira, ao longo de muitos anos, como comandante de bombeiros e como piloto, ao serviço dos portugueses e da sua segurança”, sublinha a nota.
António Costa sublinhou também o seu “profundo pesar” pela morte do capitão Noel Ferreira, transmitindo, numa mensagem publicada na rede social Twitter, “os sentidos pêsames à família e amigos” e “uma palavra de agradecimento e confiança a todos os que diariamente dão o seu melhor neste combate que é todos”.
O ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, deixou a sua palavra de “apreço” aos familiares e amigos, acrescentando, numa declaração enviada à Lusa, que o piloto perdeu a vida “ao serviço de Portugal, zelando pela nossa segurança”.
Já a Esquadra 751 da Força Aérea Portuguesa, da qual fazia parte o piloto, lamentou a perda e agradeceu “toda a sua dedicação e camaradagem”. “É com profundo pesar que informamos que o Capitão Piloto-Aviador Noel Ferreira, militar da Esquadra 751, faleceu hoje vítima de um acidente com um helicóptero de combate a incêndios”, lê-se numa mensagem publicada na página de Facebook da esquadra.
Falando num momento de “profunda dor” para toda a família aeronáutica depois de a perda de “um dos seus” numa situação trágica, a Esquadra 751 envia as suas sentidas condolências à família e amigos do militar. “A ti que hoje partes e que sempre voaste ‘Para Que Outros Vivam’, o nosso sentido obrigado por toda a tua camaradagem e dedicação!”, termina a mensagem.