Mário Centeno assume que quer “terminar o mandato no Eurogrupo”
Em entrevista ao Jornal de Negócios, o ministro das Finanças confirma que “há espaço para aumentos no Estado à taxa da inflacção”.
Na manhã seguinte à entrevista em que António Costa reconheceu, na SIC, que Mário Centeno tem interesse em continuar no Governo para poder manter-se à frente do Eurogrupo, o próprio ministro das Finanças confirmou-o nas páginas do Jornal de Negócios. “Tenho como objectivo terminar o mandato no Eurogrupo”, disse Centeno, abrindo a porta à sua continuidade no executivo. O governante também assumiu que há “margem” para reduzir os escalões do IRS e “espaço” para aumentos salariais no Estado.
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Na manhã seguinte à entrevista em que António Costa reconheceu, na SIC, que Mário Centeno tem interesse em continuar no Governo para poder manter-se à frente do Eurogrupo, o próprio ministro das Finanças confirmou-o nas páginas do Jornal de Negócios. “Tenho como objectivo terminar o mandato no Eurogrupo”, disse Centeno, abrindo a porta à sua continuidade no executivo. O governante também assumiu que há “margem” para reduzir os escalões do IRS e “espaço” para aumentos salariais no Estado.
“Nas condições macroeconómicas que hoje enfrentamos, há espaço para aumentos salariais um pouco mais alargados do que aqueles que existiram no ano passado [só para salários muito baixos]”, assegurou o ministro, explicando estar a referir-se a crescimento acima da taxa de inflação, mas sim “na taxa de inflação”.”Não pense que é tão fácil encontrar dinheiro na Administração Pública”, sublinhou.
Sobre aos escalões intermédios do IRS, Mário Centeno explicou que está prevista uma mudança, na próxima legislatura, que beneficie o conjunto da classe média. “Há margem, há uma engenharia que tem de ser feita. Alguns contribuintes beneficiam mais e outros menos, mas ninguém perde (...). Achamos que na próxima legislatura, numa dimensão financeira que é conhecida de 200 milhões de euros, se pode fazer mais uma alteração nos escalões do IRS”. O ministro não especifica, no entanto, quantos escalões faz sentido haver.
Mário Centeno desfez, finalmente, o tabu que tem sido alimentado nos últimos tempos sobre a sua continuação no Governo, mostrando-se disponível para ficar, dependendo, primeiro, da vontade dos portugueses. “Assumi um compromisso, esse compromisso foi até ao fim desta legislatura. Sou presidente do Eurogrupo, tenho como objectivo terminar o mandato… se o resultado das eleições assim o permitir”, disse. Em entrevista ao PÚBLICO, em Julho, Centeno ainda não queria dizer se faria parte das listas de deputados e às perguntas sobre o seu futuro respondia evasivamente: “Não é a mim que me cabe anunciar o que quer que seja.”
Na noite anterior, na SIC, António Costa havia comentado o assunto para dizer que "cada um é livre de decidir o seu destino”. Mas acrescentou uma novidade, ao reconhecer que Centeno queria ficar: “Quando ele diz que quer continuar a ser presidente do Eurogrupo, sabendo que para ser presidente do Eurogrupo tem de ser membro do Governo, creio que é a melhor resposta, respeitando os portugueses, que pode ser dada”.