PSOE e Podemos terminam reunião de quatro horas sem progressos

As duas formações mantém as exigências: Sánchez quer uma “solução à portuguesa”, Iglesias quer ministérios.

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A porta-voz adjunta do Podemos no parlamento, Ione Belarra, à saída da reunião em Madrid Kiko Huesca/LUSA

Uma reunião entre o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e a plataforma de esquerda Unidas Podemos terminou esta quinta-feira à noite em Madrid, após quatro horas, sem qualquer progresso sobre a formação do novo Governo.

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Uma reunião entre o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e a plataforma de esquerda Unidas Podemos terminou esta quinta-feira à noite em Madrid, após quatro horas, sem qualquer progresso sobre a formação do novo Governo.

Em causa estava a adesão do Podemos à proposta de Sánchez para a plataforma aceitar a sua investidura através de um pacto de colaboração e não de uma coligação de Governo. “O PSOE mantém uma posição inamovível. Vamos embora preocupados. Vieram apresentar-nos o seu programa eleitoral”, disse Ione Belarra, porta-voz do Podemos, citada pelo El País.

Do lado do PSOE não houve declarações à saída da reunião que era classificada pela imprensa espanhola de “chave" para o desbloqueio político. Fontes disseram que nas quatro horas ficaram expressas as “diferenças” entre as duas partes.

Ainda assim, os dois partidos mostraram-se disponíveis para continuar as negociações, embora não haja data para uma reunião futura de forma a chegar a um acordo que evite novas eleições.

Faltam 18 dias, até 23 de Setembro, para se chegar ao prazo-limite de dois meses que a Constituição espanhola confere aos grupos parlamentares para encontrarem uma solução para formar um Governo, depois da tentativa frustrada de investidura de Pedro Sánchez a 23 e 25 de Julho.

Se o impasse se mantiver, o rei Felipe VI tem que marcar eleições para 10 de Novembro, que seriam as quartas legislativas no espaço de quatro anos.

O secretário-geral do Unidas Podemos, Pablo Iglesias, já tinha avisado que o seu partido continua a exigir ao PSOE uma coligação governamental com cargos ministeriais, nomeadamente nos ministérios do Trabalho e da Transição Energética. Iglesias defendeu que algumas das 370 medidas propostas por Sánchez “já foram aprovadas no Congresso dos Deputados” e insistiu na necessidade de governar de forma conjunta.

Pedro Sánchez apresentou na terça-feira uma proposta com 370 medidas para tentar convencer a coligação de esquerda a dar o seu apoio parlamentar a um executivo socialista.

O Unidas Podemos exige fazer parte do Governo, enquanto o PSOE recusa esta possibilidade, preferindo apenas ter um acordo de apoio parlamentar com a coligação de partido de extrema-esquerda, uma solução “à portuguesa” como é denominada em Espanha.

Os socialistas consideram que a sua proposta, com 370 medidas, está “muito em sintonia” com as políticas do Podemos, defendendo uma maior justiça social, fiscal e ecológica, dando prioridade à luta contra as alterações climáticas e à transição ecológica.

Entre as medidas avançadas, o PSOE compromete-se a derrogar “os aspectos mais lesivos da reforma laboral”, garantir constitucionalmente a actualização da reforma com o aumento da inflação e uma reforma penal para assegurar mais direitos para as mulheres.

O PSOE foi o partido mais votado nas eleições de 28 de Abril último, mas com menos de 30% dos votos precisa do apoio de outras formações políticas, sendo essencial a do Unidas Podemos.