Imagens de satélite mostram efeitos do Dorian nas Bahamas. Estragos vão afectar “gerações”

As imagens captadas nesta quarta-feira por satélite mostram que algumas zonas baixas na zona este da Grande Bahama continuam parcialmente inundadas – uma melhoria face a segunda-feira.

Antes
Despois
O antes e depois na ilha de Grande Bahama

Iceye

Quatro dias de furacão Dorian deixaram a marca nas Bahamas e as imagens de satélite podem ajudar a perceber a dimensão da destruição. Entre segunda e quarta-feira, as fotografias mostram que a água começou a retroceder nas ilhas de Ábaco e Grande Bahama – mas os estragos vão afectar “gerações”, disse o primeiro-ministro.

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Quatro dias de furacão Dorian deixaram a marca nas Bahamas e as imagens de satélite podem ajudar a perceber a dimensão da destruição. Entre segunda e quarta-feira, as fotografias mostram que a água começou a retroceder nas ilhas de Ábaco e Grande Bahama – mas os estragos vão afectar “gerações”, disse o primeiro-ministro.

A última imagem de satélite divulgada foi captada na quarta-feira e mostra a Grande Bahama com “algumas zonas baixas na zona este da ilha parcialmente inundadas”, segundo a explicação dada por email ao PÚBLICO pela empresa finlandesa Iceye. A empresa está a monitorizar o Dorian com recurso a um satélite radar com tecnologia SAR (Synthetic-aperture Radar), que permite registar imagens mesmo “através das nuvens”. As imagens de segunda-feira, por comparação, mostravam que a maior parte da ilha estava alagada, incluindo o aeroporto.

Numa animação, feita pela mesma empresa combinando os dados do seu próprio satélite com a análise do Corpernicus Sentinel-1, um satélite de observação da terra da Agência Espacial Europeia, mostra-se como os níveis da água têm evoluído ao longo dos últimos dias na ilha de Ábaco: a água recuou “lentamente” entre segunda e terça-feira, diz Jamie Mayer, da Iceye, no mesmo email.

Na terça-feira, o furacão Dorian estava “estacionário” ao largo do arquipélago – desde segunda-feira, só se tinha movimentado 20 quilómetros – e tinha passado à categoria 3 na escala de Saffir-Simpson, que mede a velocidade do vento. Quando atingiu o arquipélago das Bahamas, no domingo, era um furacão de categoria 5 (a mais alta da escala) com ventos de 297 quilómetros por hora.

Apesar de ter nível 3, os ventos continuaram fortes, rondando os 205 quilómetros por hora e trazendo consigo mais entre 3,6 e 5,4 milímetros de chuva do que o normal para a época.

O Dorian começou, na quarta-feira à noite, a dirigir-se para norte, rumo aos EUA.

20 mortos confirmados nas Bahamas

O balanço da passagem do Dorian pelas Bahamas é de 20 mortos, um número que pode aumentar, pois ainda decorrem operações de busca e salvamento, disse na quarta-feira o primeiro-ministro deste arquipélago nas Caraíbas. A maioria das mortes (17) ocorreram em Ábaco.

Segundo o primeiro-ministro das Bahamas, Hubert Minnis, 60% de Marsh Harbour, a principal cidade das Ábaco, ficou destruída. O aeroporto ficou literalmente debaixo de água. A tempestade ​criou “danos que vão afectar várias gerações” em Ábaco e na Grande Bahama, disse o primeiro-ministro, citado pela CNN

Os ventos fortes e as águas lamacentas destruíram ou danificaram estruturalmente milhares de casas, incapacitando a actividade de hospitais e deixando muitas pessoas presas dentro de casa – mesmo nas zonas superiores , por exemplo em sótãos, depois da subida das águas. 

Estima-se que cerca de 60 mil pessoas nas duas ilhas mais atingidas possam vir a precisar de ajuda alimentar, de acordo com uma avaliação do Programa Alimentar Mundial da ONU.