Estes marsupiais morrem logo depois do acasalamento
Pela primeira vez, viu-se este comportamento em marsupiais na natureza.
Já se sabia que machos de certas espécies de marsupiais morriam depois do acasalamento. Agora observou-se mesmo: um grupo de cientistas da Austrália viu, pela primeira vez na natureza, que os machos marsupiais da espécie Dasykaluta rosamondae acabam mesmo por morrer depois de acasalarem. Esta confirmação foi publicada num artigo científico da revista Journal of Zoology, divulgado pelo jornal norte-americano The New York Times.
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Já se sabia que machos de certas espécies de marsupiais morriam depois do acasalamento. Agora observou-se mesmo: um grupo de cientistas da Austrália viu, pela primeira vez na natureza, que os machos marsupiais da espécie Dasykaluta rosamondae acabam mesmo por morrer depois de acasalarem. Esta confirmação foi publicada num artigo científico da revista Journal of Zoology, divulgado pelo jornal norte-americano The New York Times.
O Dasykaluta rosamondae é um pequeno marsupial insectívoro e carnívoro que vive nas regiões áridas do Noroeste da Austrália. Este animal alcança a maturidade sexual logo aos dez meses e, durante a época de acasalamento, os machos têm sexo com várias fêmeas (em sessões que podem durar 14 horas) até ficarem exaustos e morrerem.
Entre 2013 e 2014, uma equipa liderada por Genevieve Hayes – investigadora da Universidade da Austrália Ocidental – monitorizou os hábitos de acasalamento de uma população de Dasykaluta rosamondae no Parque Nacional de Millstream Chichester.
Resultado do estudo publicado: nas duas épocas de acasalamento que a equipa acompanhou, observou-se que os machos morriam. Esta estratégia de reprodução designa-se “semelparidade” – em que os indivíduos só têm um evento reprodutivo e depois acabam por morrer – e já foi observado em plantas ou peixes. Apesar deste comportamento já ter sido visto nos marsupiais em cativeiro, esta é a primeira vez que se observa na natureza.
Mas o que acontece mesmo? “É uma morte inevitável devido ao stress crónico”, disse ao The New York Times Christopher Dickman, da Universidade de Sydney e que não fez parte do estudo. Cerca de dois meses antes da época do acasalamento os machos param de produzir esperma e começam a produzir grandes quantidades de testosterona e corticosteróides, o que suprime o seu sistema imunitário e deixa os órgãos internos sob stress. Geralmente, a causa de morte acaba por ser úlceras nos intestinos. “Há derramamento interno de sangue no seu corpo e os órgãos começarão a entrar em colapso”, explica Christopher Dickman.