Google acusado por pequeno rival de violar lei de dados. Empresa nega
A denúncia foi enviada à Comissão de Protecção de Dados da Irlanda, onde o Google tem a sede europeia.
O Google está a ser acusado de enviar dados dos seus utilizadores – em segredo – a anunciantes, violando as leis de privacidade europeias que requerem que as pessoas sejam notificadas sobre este tipo de actividades. A informação foi enviada esta semana à Comissão de Protecção de Dados da Irlanda, responsável pela regulação dos negócios do Google na Europa, que está a investigar a plataforma de publicidade do Google desde Maio.
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O Google está a ser acusado de enviar dados dos seus utilizadores – em segredo – a anunciantes, violando as leis de privacidade europeias que requerem que as pessoas sejam notificadas sobre este tipo de actividades. A informação foi enviada esta semana à Comissão de Protecção de Dados da Irlanda, responsável pela regulação dos negócios do Google na Europa, que está a investigar a plataforma de publicidade do Google desde Maio.
Em causa está a possibilidade de o serviço do Google aceder a informação pessoal dos utilizadores da Internet como a orientação política, estado de saúde e etnia, para lhes apresentar publicidade personalizada. É algo que a empresa nega. Estas categorias estão proibidas de serem utilizadas em publicidade segmentada desde que o novo Regulamento Geral para a Protecção de Dados (RGPD) entrou em vigor em 2018.
Em declarações ao jornal britânico Financial Times, o Google mantém que os anúncios que apresenta são baseados no conteúdo da página e não na informação do utilizador. O PÚBLICO tentou, ao final do dia, contactar o Google para mais informação, mas não obteve resposta até à hora de publicação deste artigo.
Tanto a denúncia original como a que foi submetida esta quarta-feira são da autoria da equipa do navegador de nicho Brave, que bloqueia anúncios em sites e porções de código informático (conhecidas como “rastreadores”) que monitorizam a informação que um utilizador consulta na Internet. O maior concorrente do Brave é o Chrome, o navegador do Google, que é o mais usado no mundo.
Depois de submeter a queixa original, a empresa contratou um analista de ferramentas de anúncios online, Zach Edwards, que gere a empresa de consultoria tecnológica Victory Medium, para analisar os registos de actividade do responsável pelo departamento de privacidade do Brave, na rede do Google.
De acordo com a informação descoberta, o Google cria páginas (com o URL cookie_push.html), que terminam com uma combinação de caracteres únicos que são diferentes de utilizador para utilizador. Isto permite ao Google compilar dados dos utilizadores através de um pseudónimo, e ter um mecanismo para partilhar os dados de navegação específicos de alguém com anunciantes.
Em 2018, o Google anunciou que ia deixar de partilhar identificadores de cookies encriptados – ficheiros colocados nos computadores dos visitantes de sites que são utilizados para ajudar um site a “lembrar-se” das preferências de um utilizador ao longo do tempo – com clientes da plataforma de publicidade do Google, numa tentativa de proteger a privacidade dos utilizadores. Porém, se a denúncia apresentada pela Brave for verdade, o Google continua a partilhar cookies em segredo.
Em teoria, qualquer empresa que o Google convide a visitar uma dada “Push Page” (como a equipa da Brave as chama) pode proceder à sincronização de cookies – uma técnica em que duas plataformas de publicidade diferente partilham informação reunida sobre um mesmo utilizador.
O Google diz estar a cooperar com a Comissão de Protecção de Dados da Irlanda na investigação.