Governo mostra “abertura total” para solução para as Convertidas em Braga
Edifício estava previsto para ter casas de renda acessível mas câmara quer que seja polo cultural.
O Governo mostrou nesta quarta-feira “abertura total” para encontrar solução para o antigo convento das Convertidas, em Braga, apontado para receber habitação com rendas acessíveis, garantindo que “não irá contra a pretensão” da autarquia, à qual desagrada aquela hipótese.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O Governo mostrou nesta quarta-feira “abertura total” para encontrar solução para o antigo convento das Convertidas, em Braga, apontado para receber habitação com rendas acessíveis, garantindo que “não irá contra a pretensão” da autarquia, à qual desagrada aquela hipótese.
Em declarações aos jornalistas, à margem de uma visita ao local, o ministro das Infra-estruturas, Pedro Nuno Santos, deixou garantias que o Governo “não quer ser um problema”, numa referência ao facto de aquele ser um dos imóveis pertencentes ao Estado colocado na lista como tendo possível destino habitação a rendas acessíveis, solução que “desagradou” à autarquia.
“É um edifício com importância histórica e não só para a cidade de Braga, isso é relevante para nós, as preocupações do presidente de câmara também e por isso a nossa abertura total. Nada será feito contra a vontade da Câmara Municipal de Braga, isso é ponto assente, nós não queremos ser um problema mas sim ajudar a encontrar soluções”, afirmou Pedro Nuno Santos.
Em declarações à Lusa, o presidente da autarquia, Ricardo Rio, demonstrou satisfação com a posição assumida pelo Governo: “Temos reservas de que o edifício possa enquadrar os objectivos do programa de adaptação de edifícios públicos à habitação, até pela tipologia do imóvel, uma vez que as alterações que seriam necessárias poderiam mesmo pôr em causa a integridade cultural do edifício, uma relíquia do barroco bracarense”, disse.
O autarca referiu que ficou acordado que a entidade encarregue do estudo de viabilidade dos edifícios do Estado apontados para transformar em habitação de renda acessível, a Fundiestamo, iria fazer um estudo ao edifício.
“Ficou acordado que seriam feitos os estudos pela Fundiestamo, com a avaliação do impacto sobre o edifício, das condições técnicas e financeiras e que depois das duas uma: ou os próprios estudos concluem a inviabilidade do projecto ou, caso isso não aconteça, nada será feito sem que a vontade da autarquia seja tida em conta, o que nos deixou, obviamente, tranquilos”, explicou.
Ricardo Rio explicou que a câmara tem em vista uma solução para o edifício que “está a ser dificultada” pelo facto de envolver vários edifícios de diferentes ministérios: “Temos um programa com fins culturais de instalar ali o arquivo histórico da cidade, o que poria ao serviço da comunidade o local”, referiu.
No entanto, ressalvou, “a câmara não pode avançar com nenhum projecto uma vez que o edifício é propriedade do Ministério da Administração Interna (MAI) e solução proposta também passa pela cedência de troca edifícios entre ministérios o que pode entravar o decorrer do processo disse”.
O antigo edifício das Convertidas chegou a ser pensado para receber a nova pousada da Juventude de Braga, tendo mesmo a autarquia feito a expropriação dos edifícios contíguos, ainda com Mesquita Machado a liderar a autarquia, mas que Ricardo Rio anulou logo no inicio do seu primeiro mandato.
O edifício, estilo barroco, foi feito para instalar “mulheres pecadoras convertidas a Deus”, tendo sido inaugurado em Abril de 1722.