Facebook pondera esconder número de “gostos”
Código escondido numa nova versão da aplicação móvel revelou possível plano da rede social. Não é certo que a mudança, que está a ser testada no Instagram, chegue a ver a luz do dia.
O Facebook está a ponderar vir a testar a remoção do número de “gostos” que os utilizadores recebem numa publicação. A ideia é que as pessoas continuem a receber notificações de reacções às suas publicações (sejam “gostos”, reacções de “ira”, “amor”, “riso”, “surpresa” ou “tristeza"), mas que estas deixem de ser contadas.
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O Facebook está a ponderar vir a testar a remoção do número de “gostos” que os utilizadores recebem numa publicação. A ideia é que as pessoas continuem a receber notificações de reacções às suas publicações (sejam “gostos”, reacções de “ira”, “amor”, “riso”, “surpresa” ou “tristeza"), mas que estas deixem de ser contadas.
A notícia foi avançada pelo site especializado TechCrunch, depois de imagens do protótipo da nova versão do Facebook para Android serem publicados no Twitter de Jane Wong, uma estudante e investigadora dos EUA, que se dedica a procurar funcionalidades escondidas em várias aplicações através de engenharia inversa. Trata-se do processo de desconstrução de um programa informático para ver como funciona.
Questionada pelo PÚBLICO, a rede social admite apenas que a remoção dos “gostos" é uma possibilidade que estão a considerar testar. Se o projecto avançar, é provável que comecem testes, em alguns países, para ver como os utilizadores reagem à mudança. É o que está a acontecer actualmente no Instagram.
Em Abril, o Instagram, que o Facebook comprou em 2012, começou a experimentar remover o número de “gostos” no Canadá. Em Julho, o teste passou a incluir utilizadores do Brasil, Austrália, Nova Zelândia, Itália, Irlanda e Japão.
O objectivo com o Instagram é levar as pessoas que usam a aplicação a estarem focadas nas fotografias e nos vídeos que são partilhados, e não na popularidade que estão a ter. Faz parte da estratégia do Facebook para mostrar que a rede social se preocupa com a saúde dos utilizadores. Em Agosto de 2018, por exemplo, a rede social também anunciou a criação de painéis de controlo para mostrar aos utilizadores exactamente quanto tempo passam na plataforma. Meses antes, tanto a Apple como o Google tinham anunciado ferramentas do género.
O problema com os “gostos” também está a ser discutido fora da rede social. Em Abril, o Reino Unido admitiu que está a pensar fazer com que os menores de idade deixem de receber “gostos” nas redes sociais. A recomendação veio da agência britânica de protecção de dados, a Information Commissioner's Office (ou ICO, na sigla original).
De acordo com aquela agência, a ferramenta de “gosto” funciona como um alerta de que aquilo que está a ser partilhado pelos utilizadores está a receber atenção e pode induzir as pessoas a passar mais tempo nas redes sociais. É uma teoria partilhada por Catherine Price, autora de um manual de desintoxicação para largar o telemóvel, que argumenta que as redes sociais utilizam mecanismos dos jogos de fortuna e azar. Para Price, sites como o Facebook e o Instagram estão programados para ocultar novos “gostos” aos utilizadores de modo a apresentá-los de uma só vez, no momento mais eficaz possível.
Numa publicação sobre a descoberta do novo protótipo do Facebook, Jane Wong nota que “leva tempo para desenvolver, observar, pesquisar e lançar recursos experimentais” como o da remoção de ‘gostos’ e que o facto de o Facebook estar a considerar a possibilidade não garante que este chegue aos utilizadores. “Mas estou certa que esconder o número de gostos seria benéfico para o bem-estar de um grande número de utilizadores. O facto de o Instagram ter testado a possibilidade de um contador oculto no Canadá antes de a expandir a mais regiões do mundo, e de o Facebook também estar a trabalhar nisso, indica que têm confiança em que os benefícios de ocultar o número de gostos superam os pontos negativos.”