Santana quer um grupo parlamentar. E dois deputados já “é bom”
Presidente da Aliança fez viagem de comboio entre Alcântara-Mar e Cascais para alertar para importância da ferrovia.
Pedro Santana Lopes já definiu os objectivos da Aliança para as eleições legislativas de 6 de Outubro: “Eleger um grupo parlamentar.” E, “como diria o senhor La Palisse, para ter um grupo parlamentar bastam dois deputados”, citou. “Um é pouco, dois é bom e, a partir daí, é bom grande”.
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Pedro Santana Lopes já definiu os objectivos da Aliança para as eleições legislativas de 6 de Outubro: “Eleger um grupo parlamentar.” E, “como diria o senhor La Palisse, para ter um grupo parlamentar bastam dois deputados”, citou. “Um é pouco, dois é bom e, a partir daí, é bom grande”.
A Aliança dedicou o dia de terça-feira ao transporte ferroviário. Em todos os distritos do país, vários militantes do partido fizeram um percurso de comboio. Objectivo: alertar para “os problemas da ferrovia” e falar sobre “a sua importância para a coesão territorial, económica, social e até para ter um melhor ambiente”.
Santana Lopes ficou com o distrito de Lisboa, onde é cabeça de lista pela Aliança. O percurso previsto era Alcântara Mar-Oeiras, mas acabou por se esticar e viajar até Cascais. O líder do novo partido chegou um pouco antes da hora marcada (15h30), mas acabou por perder o comboio das 15h25, não por sua culpa, mas por culpa da bilheteira automática. Alguns dos militantes que o acompanhavam ficaram “encravados” junto à máquina e não conseguiram o bilhete a tempo de tomar as carruagens.
“São muitos os problemas da ferrovia. Desde logo o material circulante que não chega e é muito antigo”, começou logo por afirmar Santana ao PÚBLICO.
O líder da Aliança diz ser necessário que “o país se mobilize para esta grande causa” e dá até como exemplo a importância que a ferrovia tem para o ambiente”. “Estive recentemente no Alentejo e disseram-ma que a produção vai subir significativamente e é tudo transportado em camiões. O que ganhava o ambiente se fosse utilizada a ferrovia. Perderam-se muitos anos”, afirma.
Na gare de Alcântara-Mar, Santana é acompanhado por uma dúzia de militantes, que se fazem notar pelas bandeiras brancas do partido que transportam. Jornalistas, só os do PÚBLICO. “É o costume”, diz Santana que, nos últimos dias, não tem calado o seu protesto pelos novos partidos não terem acompanhamento da comunicação social. Há uma semana invadiu mesmo as instalações da Entidade Reguladora para a Comunicação Social para fazer ouvir a sua voz. “Acho estranho não haver um protesto, há um silêncio sepulcral”, disse.
“Esta a manhã ouvi o Presidente da República dizer uma coisa extraordinária: que tudo tem corrido muito bem na pré-campanha eleitoral; que todos os partidos, novos incluídos, têm feito ouvir a sua voz. Estive mesmo para lhe telefonar para lhe perguntar onde é que isso se passa para eu ir lá”, afirmou.
Mas há uma coisa que “intriga” Santana: “Só o Aliança é que protesta. Todos os outros partidos novos ou pequenos estão calados e, mesmo calados, ainda são puxados e elogiados ao domingo e à terça-feira por algumas figuras do regime. (…) Parece que a preocupação de todos é que haja um partido que não esteja lá [no Parlamento].”
Santana assegura que esta luta para dar voz aos mais pequenos não é de agora. Lembra que, quando era deputado do PSD, foi “dos poucos” que lutaram contra a extinção dos pequenos partidos “que não conseguiam provar o número de militantes” que tinham. “E quando fui presidente da Câmara de Lisboa fiz sempre alianças com pequenos partidos” acrescenta.
O ex-líder do PSD já tem definida a campanha oficial para as legislativas. Diz que vai apostar na Madeira - onde admite fazer parte de um coligação para governar “se não houver uma maioria” -, em Lisboa, Porto, Braga e Setúbal.
Difícil está a ser o financiamento da campanha, porque “a Aliança não é um partido de milionários”. “Estamos a contar com a subvenção e com os donativos dos militantes.”
Santana acaba por apanhar o comboio das 15h45. “Escolhi vir a esta hora e não na hora de ponta, em que tudo é mais caótico, para não atrapalhar a vida das pessoas.” A carruagem vai cheia, mas a comitiva da Aliança mostra-se discreta. Não há palavras de ordem, nem distribuição de propaganda. Os militantes limitam-se a estar presentes e apenas as bandeiras os identificam. Queixam-se do muito calor que se sente na carruagem. Alguns deles falam sobre o Sporting. O antigo presidente do clube leonino pergunta se já há novo treinador. “Alguns órgãos de comunicação social dizem que vai ser o Scolari”, diz-lhe um militante. Santana não faz qualquer comentário.
Em Algés, consegue um lugar sentado junto a duas senhoras com duas crianças que não terão mais de quatro anos. Mete conversa e é recebido com simpatia. As senhoras acabam mesmo por se despedir trocando beijos com o candidato. “Tenho andado por todo o país e ainda não ouvi uma ‘boca’. E fui ao otorrino recentemente e fiquei a saber que não estou a ficar mais surdo”, brinca. “Está tudo a correr muito bem”, diz Santana, acrescentando estar a fazer algo que adora: “Fazer campanha, estar com as pessoas. Sinto-me como um peixe na água.”
E a viagem lá seguiu até Cascais, já sem a presença dos jornalistas do PÚBLICO, que só tinham bilhete até Oeiras, pois era aí que, segundo a nota de agenda da Aliança, terminaria a viagem.