Há nove anos que a Amazónia não ardia tanto no mês de Agosto

É o pior Agosto desde 2010 em termos de área ardida, mas também de focos de incêndio. E Setembro começou com quase mil focos de incêndio.

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RICARDO MORAES/Reuters

Em Agosto, arderam mais de 24 mil quilómetros quadrados da floresta amazónica, número que faz com que o mês tenha sido o pior em termos de área ardida desde 2010, segundo dados divulgados pelo Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). No mês de Agosto de 2010, arderam mais de 43 mil km2 do bioma da maior floresta tropical do mundo.

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Em Agosto, arderam mais de 24 mil quilómetros quadrados da floresta amazónica, número que faz com que o mês tenha sido o pior em termos de área ardida desde 2010, segundo dados divulgados pelo Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). No mês de Agosto de 2010, arderam mais de 43 mil km2 do bioma da maior floresta tropical do mundo.

Este ano, e desde Janeiro, arderam na Amazónia cerca de 43.573 mil quilómetros quadrados, o que significa que mais de metade da área ardida foi consumida durante o mês de Agosto, indicam os dados provisórios do INPE.

A região da floresta amazónica brasileira – a mais extensa do mundo e com a maior biodiversidade registada numa área do planeta  está a ser a mais afectada pela vaga de incêndios que assola o Brasil e outros países vizinhos, nomeadamente as Bolívia. O pior ano em termos de área ardida desde que existem registos do INPE foi 2005, quando arderam mais de 50 mil quilómetros quadrados de floresta e em que se registaram 63 mil focos de incêndio.

Em Agosto foram registados quase 52 mil focos de incêndio, um aumento de 288% em relação ao mês de Julho (13 mil). Entre o dia 1 de Janeiro e o dia 1 de Setembro de 2019, em todo o Brasil, foram contabilizados quase 92 mil focos de incêndio, um aumento de 67% em relação a 2018, ano em que se registaram 54 mil focos de incêndio.

Se tivermos em conta apenas o número de focos de incêndio, 2019 já é o pior dos últimos cinco anos. Em 2017, o INPE dá conta de 72 mil focos de incêndio. Foram 83 mil em 2016 e 65 mil em 2015.

Quase mil fogos no primeiro dia de Setembro

Agosto acabou, mas os fogos na Amazónia continuam. Setembro começou com 980 focos de incêndio registados no domingo na região da Amazónia brasileira, de acordo com o INPE. 

Nos últimos 15 anos, o número de incêndios em Setembro foi quase sempre superior ao de Agosto, com excepção de 2010, quando os satélites do instituto que monitoriza as florestas do Brasil apontaram 45.018 fogos em Agosto e 43.933 em Setembro.

A Amazónia é o bioma mais afectado pelos incêndios no Brasil, seguindo-se o cerrado, que é o segundo maior bioma brasileiro, ficando atrás em extensão apenas da floresta amazónica, com dois milhões de quilómetros quadrados.

O Presidente da República brasileiro, Jair Bolsonaro, tem sido alvo de fortes críticas, tanto a nível nacional como internacional, por causa das suas polícias de gestão da floresta amazónica. Como parte de um conjunto de medidas de protecção ambiental que serão anunciadas e formalizadas ao longo desta semana, Bolsonaro​ emitiu a 29 de Agosto um decreto de proibição das queimadas pelo prazo de 60 dias. Contudo, segundo dados da organização não-governamental (ONG) Greenpeace, que cita dados do INPE, nas primeiras 24 horas após a assinatura do decreto, o número de focos de queimadas na região aumentou 106%.

A floresta da Amazónia tem cerca de cinco milhões e meio quilómetros quadrados, é a maior do mundo e ocupa cerca de 60% do território do Brasil, dividindo-se por nove Estados brasileiros. A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e contém um quinto da água doce existente em estado líquido em todo o planeta, graças à bacia do rio Amazonas. A floresta espalha-se por territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (território pertencente à França).