Alterações climáticas: o que acontecerá à produção mundial de banana?
A actual tendência de aumento global da temperatura da Terra pode prejudicar a maioria dos 27 países produtores de bananas analisados num estudo e, ao mesmo tempo, beneficiar dois dos maiores exportadores, o Equador e as Honduras.
Os efeitos das alterações climáticas poderão prejudicar significativamente a produção de banana em sete dos países que mais exportam a nível mundial. Entre estes países estão a Índia, o Brasil, a Colômbia e a Costa Rica. A conclusão é de um estudo publicado esta segunda-feira na revista Nature Climate Change.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Os efeitos das alterações climáticas poderão prejudicar significativamente a produção de banana em sete dos países que mais exportam a nível mundial. Entre estes países estão a Índia, o Brasil, a Colômbia e a Costa Rica. A conclusão é de um estudo publicado esta segunda-feira na revista Nature Climate Change.
Os dados demonstram também que, devido às mudanças no clima, a produção deste fruto tem vindo a aumentar desde 1961. Prevê-se que o Equador, as Honduras (dois dos maiores exportadores) e dez países africanos, entre os quais Angola, continuem a beneficiar das variações globais nas temperaturas e nos níveis de precipitação para o cultivo da bananeira, até 2050. Por outro lado, se o ritmo actual das alterações climáticas se mantiver, as condições favoráveis ao crescimento da planta podem piorar drasticamente nos restantes países.
Os cientistas da Universidade de Exeter, Inglaterra, analisaram a produtividade das plantações de banana em 27 países da América Latina, Caraíbas, África subsariana e Oceânia, o que corresponde a 86% da produção mundial. Os dois maiores produtores, a Índia e a China, foram sinalizados pelos autores do estudo como “adaptáveis”. Apesar de estarem ameaçados, estes países mostram uma forte tendência para a adopção de tecnologias de cultivo que podem mitigar os efeitos negativos das alterações climáticas sobre as culturas.
Dan Bebber, cientista que liderou a investigação, citado em comunicado, avisa que é “imperativo” preparar a agricultura tropical para as consequências das alterações climáticas. “Estamos muito preocupados com o impacto de doenças nas bananas, como o fungo Fusarium, mas os impactos das alterações climáticas têm sido amplamente ignorados. Haverá vencedores e vencidos nos próximos anos e o nosso estudo pode levar países vulneráveis a preparem-se, ao investir em tecnologias como a irrigação.”
Recentemente, a Estirpe Tropical 4 (ou TR4, na sigla em inglês) do Fusarium oxysporum cubense foi descoberta em plantações de banana Cavendish na Colômbia. Esta variedade representa 99% da comercialização mundial e, embora seja resistente ao fungo Fusarium, é susceptível à contaminação pela Estirpe Tropical 4. A doença infiltra-se nas plantas através das raízes e bloqueia os vasos que carregam nutrientes, causando a sua morte. A nova estirpe do fungo surgiu em 1992, em Taiwan, alastrando-se a outros países do Sudeste asiático.
A banana é um fruto que se desenvolve em regiões quentes e húmidas, sendo uma importante fonte de energia e de rendimento para milhões de pessoas em países tropicais. Está entre as dez maiores produções agrícolas mundiais em termos de área de cultivo e de calorias produzidas, refere o artigo científico, e a sua exportação representa 15% do comércio global.
Texto editado por Teresa Firmino