Espectáculo e drama na Vuelta, com vitória do “miúdo”
Venceu a etapa Pogacar, ganhou algum tempo Quintana (segundo na etapa), minimizou as perdas Roglic e teve azar Miguel Ángel López, que passou de potencial vencedor do dia para o grande azarado da etapa.
Tadej Pogacar, de 20 anos, venceu a etapa 9 da Volta a Espanha. Neste domingo, o jovem esloveno (vencedor da Volta ao Algarve) bateu os principais favoritos à vitória e conseguiu o primeiro triunfo numa grande volta. Com as valências de contra-relógio de que dispõe, terá, provavelmente, assinado a candidatura definitiva a um top-5 ou até a um pódio na Vuelta.
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Tadej Pogacar, de 20 anos, venceu a etapa 9 da Volta a Espanha. Neste domingo, o jovem esloveno (vencedor da Volta ao Algarve) bateu os principais favoritos à vitória e conseguiu o primeiro triunfo numa grande volta. Com as valências de contra-relógio de que dispõe, terá, provavelmente, assinado a candidatura definitiva a um top-5 ou até a um pódio na Vuelta.
Já Nairo Quintana é o novo líder, fruto do segundo lugar numa etapa que viu Miguel Ángel López passar de potencial vencedor do dia para o grande azarado da etapa. Mas já lá vamos.
Etapa prometia animação
A etapa deste domingo, com montanha do início ao fim, nos Pirenéus de Andorra, prometia ser palco de luta entre os favoritos. Nomes como Quintana, Miguel Ángel López ou Valverde teriam de ganhar a tempo a Roglic, sob pena de o esloveno conseguir fazer diferenças grandes no contra-relógio da próxima terça-feira.
Antes desses ataques, guardados para as últimas subidas do dia, muita coisa se passou na estrada. Ainda antes da partida oficial, numa zona neutra, a estrada já estava inclinada: um “aperitivo” inequívoco do que que seria o resto do dia – uma etapa curta, mas com cinco subidas e poucos sectores planos.
O primeiro ataque mais decidido foi de Tao Geoghegan Hart, da Ineos, que foi seguido por um “batalhão”: 25 ciclistas juntaram-se ao britânico, num lote que tinha nomes como o português Rúben Guerreiro, mas também Pierre Latour, Fuglsang, de Gendt, Gesink ou Kelderman.
A 50 quilómetros do final houve um momento curioso: Esteban Chaves furou e, para não perder tempo, trocou de bicicleta com Damian Howson, colega de equipa. O problema é que Howson, com quase 1,90m, era bastante mais alto do que o “baixinho” Chaves (1,64m), que mal conseguia pedalar. Chaves acabou por trocar novamente de bicicleta, desta feita com outro colega de equipa, não tão alto como Howson. O tempo perdido, no entanto, foi fatal para o colombiano.
A 20 quilómetros do final, sem que nada o fizesse prever – havia muita etapa por correr –, houve ataque surpresa de Miguel Ángel López. Quintana e Valverde responderam, mas Roglic, sem ajuda de Bennett, teve de responder por si próprio, ficando, novamente, tal como no Giro, com pouco apoio da equipa. Foi, de resto, imediata a reacção dos restantes ciclistas da Jumbo presentes na fuga, que ficaram à espera de Roglic.
Miguel Ángel López sentiu fragilidades nos rivais, no primeiro ataque, e, no “segundo round” ofensivo, seguiu sozinho. Ritmo tremendo do ciclista da Astana, sobretudo comparado com os principais rivais, incapazes de ensaiar algo sequer parecido com uma réplica a López. Mais atrás, Roglic, novamente sem colegas de equipa, teve de dar o “corpo às balas” na perseguição a López.
A estratégia da Movistar, no grupo dos favoritos, parecia bem delineada: de cada vez que chegava um elemento da Jumbo para ajudar Roglic, Pedrero ou Quintana atacavam, para deixar esse domestique para trás e isolar novamente Roglic. Esta “guerra” beneficiou, mais ainda, Miguel Ángel López, que teve a ajuda de Fuglsang na frente e parecia inalcançável por quem quer que fosse.
O mau tempo na estrada – chuva forte e granizo – prejudicou a transmissão televisiva e não houve imagens da zona mais espectacular da etapa, o sterrato (segmento de terra batida). Quando retomadas as imagens, tudo estava diferente: surgiu Marc Soler (Movistar) adiantado em relação aos restantes fugitivos, Miguel Ángel López já apanhado pelo grupo dos favoritos – quebra estranha e repentina do colombiano – e Roglic a viver novamente o “fantasma” do Giro: ficou sozinho e perdia tempo para os rivais, sobretudo para Quintana e Pogacar, que entretanto “saltaram” do grupo principal.
A cerca de três quilómetros do final, o Movistar Marc Soler foi “convocado” para esperar por Quintana e ajudar o líder, mas esbracejou e abanou a cabeça, desagradado com a decisão da equipa de abdicar de Soler para vencer a etapa.
Quem aproveitou a descoordenação entre os dois Movistar foi o “miúdo” Pogacar, que seguiu sozinho. Nesta fase, Miguel Ángel López perdia terreno até para Roglic, sendo que as imagens mostraram marcas de uma queda o braço de López: estava encontrado o motivo da quebra súbita do colombiano, que terá caído na fase de “apagão” da transmissão televisiva.
Venceu a etapa Pogacar, ganhou algum tempo Quintana (segundo na etapa), minimizou as perdas Roglic e teve azar Miguel Ángel López, que passou de potencial vencedor do dia para o grande azarado da etapa.
Esta segunda-feira é dia de descanso na Vuelta, antes do contra-relógio de terça-feira.