Maioria dos médicos das maternidades de Lisboa superou as 400 horas em Agosto

O Sindicato Independente dos Médicos diz que esta foi a única maneira de superar a falta de especialistas e refere que todos os dias uma das quatro maternidades de Lisboa está em contingência e não recebe grávidas.

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AAB - Antonio Borges

O Sindicato Independente dos Médicos afirmou esta sexta-feira que a situação das maternidades da região de Lisboa continua em “grande precariedade” e “só não é mais grave” porque a esmagadora maioria dos médicos fez mais de 400 horas em Agosto.

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O Sindicato Independente dos Médicos afirmou esta sexta-feira que a situação das maternidades da região de Lisboa continua em “grande precariedade” e “só não é mais grave” porque a esmagadora maioria dos médicos fez mais de 400 horas em Agosto.

“O panorama mantém-se de grande precariedade e só não é mais grave porque os médicos, tal como fizeram na [maternidade] Bissaya Barreto [Coimbra], continuam a fazer muito mais horas” de trabalho extraordinário “do que aquelas que são obrigados [150 horas]”, disse à agência Lusa o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha.

Num balanço feito à Lusa da situação nas maternidades da região de Lisboa em Agosto, o dirigente sindical disse que a “esmagadora maioria” dos médicos superou as 400 horas de trabalho extraordinário este mês.

“A esmagadora maioria dos médicos, para não dizer todos, ultrapassou em Agosto as 400 horas e por isso continuamos a insistir para que o Ministério da Saúde não olhe impávido e sereno para a saída dos médicos do Serviço Nacional de Saúde e que fundamentalmente não culpe os médicos”, afirmou Roque da Cunha.

O secretário-geral do SIM afirmou ainda que na generalidade dos hospitais as escalas estão “abaixo dos níveis de segurança”.

Deu como exemplo o Hospital de Santa Maria, “onde na generalidade dos dias estiveram quatro médicos, dos quais, às vezes, só dois especialistas”, e o Hospital São Francisco Xavier, onde as escalas continuam a ser asseguradas por três a quatro médicos, alguns dos quais não são especialistas em ginecologia/obstetrícia.

“Todos os dias algumas destas maternidades de Lisboa está em contingência máxima e não recebe as grávidas”, salientou.

Não precisando situações, Roque da Cunha disse que este é um “problema que existe”, acrescentando: “Felizmente não tem havido nenhuma catástrofe porque as pessoas são saudáveis e jovens, mas o problema persiste.”

O secretário-geral do SIM adverte que este problema se vai manter “até ao final do ano e durante 2020”.

“Não é uma questão sazonal e, por isso, era extraordinariamente importante que o Ministério da Saúde pensasse em medidas estruturantes”, defendeu

Para o dirigente sindical, o Ministério da Saúde tem de encontrar soluções para evitar a saída de médicos como aconteceu recentemente no Hospital Santa Maria de onde saíram quatro especialistas nos últimos dois meses.

O Serviço Nacional de Saúde tem de ser “suficientemente atractivo” para que os médicos aí permaneçam, defendeu.

Roque da Cunha defendeu ainda criação de “um mecanismo muito semelhante” ao que foi criado para a Caixa Geral de Depósitos em que, em relação a algumas especialidades, pudesse permitir um pagamento semelhante ao que é feito não só pelos privados, mas fundamentalmente pelas empresas de prestações de serviço.

Num balanço divulgado também esta sexta-feira, a ARSLVT considera que o atendimento às grávidas que recorreram em Agosto às urgências de Ginecologia e Obstetrícia das quatro maternidades de Lisboa foi positivo, a exemplo do que aconteceu em Julho.

Segundo dados da ARSLVT, a maternidade Dr. Alfredo da Costa e as maternidades dos hospitais de Santa Maria, S. Francisco Xavier e Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra) efetuaram este mês uma média diária de 29 partos, menos quatro face ao período homólogo do ano anterior, e realizaram uma média de 213 urgências por dia, menos 11 do que no mesmo mês de 2018, totalizando 6.201 episódios.