Setembro sem carne pela Amazónia, pelo planeta e também por novos sabores

Duas nutricionistas juntaram 15 bloggers para, durante Setembro, partilharem uma receita à base de plantas por dia. Querem mostrar que não vale a pena trocar a Amazónia (e a sustentabilidade da Terra) por bifes e hambúrgueres.

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Durante Setembro, 15 nutricionistas, chefs e bloggers vão partilhar um menu sem carne (e qualquer outro produto de origem animal) por semana. Cada uma das pessoas convidadas pelas nutricionistas Bárbara Oliveira e Ana Monteiro — e escolhidas por já publicarem “conteúdos relacionados com alimentação saudável” no Instagram — vai partilhar dois pratos principais ou sobremesas “rápidos e com ingredientes simples” como cereais, legumes, frutos gordos e leguminosas.

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Durante Setembro, 15 nutricionistas, chefs e bloggers vão partilhar um menu sem carne (e qualquer outro produto de origem animal) por semana. Cada uma das pessoas convidadas pelas nutricionistas Bárbara Oliveira e Ana Monteiro — e escolhidas por já publicarem “conteúdos relacionados com alimentação saudável” no Instagram — vai partilhar dois pratos principais ou sobremesas “rápidos e com ingredientes simples” como cereais, legumes, frutos gordos e leguminosas.

O desafio surge na sequência dos fogos que têm deflagrado no último mês na Amazónia. A criação de gado e a produção de soja para alimentar os animais são apontadas como as principais causas da desflorestação da maior floresta tropical do mundo, sendo o Brasil o maior exportador mundial de carne bovina. No rescaldo dos incêndios, que continuam por dominar, a Finlândia pediu aos outros Estados-membros da União Europeia que considerem a possibilidade de banir as importações de carne brasileira como resposta à devastação causada pelos fogos. Em Junho, a desflorestação aumentou 80% em relação ao mesmo mês em 2018. 

“É bom assinar petições, criticar e partilhar imagens. Mas nós queríamos mostrar que é possível fazer algo significativo nós mesmos”, explica Ana Monteiro, nutricionista, ao telefone com o P3. Reduzir o consumo de carne, especialmente de vaca, é uma das mudanças individuais mais significativas para a redução da emissão de gases de efeito estufa, demonstrou o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla inglesa), que este mês também lembrou que a Terra não aguenta mais uso e abuso dos solosJá no início do ano, um relatório da revista científica Lancet alertou para a impossibilidade de alimentar dez mil milhões de pessoas em 2050 sem uma transformação nos hábitos alimentares. No que toca à carne, significaria passar de um consumo diário de carnes vermelhas para passar a comê-las apenas uma ou duas vezes por semana.

Os bloggers​, entre eles Alho Francês, criador dos Damn Doughnuts, vão partilhar o menu completo semanal bem como a lista de compras necessária para executar as sete receitas, que não será mais cara do que se incluísse produtos de origem animal. A proposta da primeira semana é começar no domingo com batata-doce com chili e terminar a semana com uma lasanha de vegetais (e com uma tarte banoffee vegan para o jantar de sexta-feira). Ana Monteiro, por exemplo, vai propor uns hambúrgueres de lentilhas que podem ser congelados para quando Setembro terminar. A hashtag do desafio — #setembrosemcarnept — já tem mais de 200 publicações no Instagram. 

A nutricionista, vegetariana há um ano, frisa que o “objectivo do desafio não é incentivar o veganismo" (há um outro desafio internacional num outro mês para isso, o Veganuary, em Janeiro). Antes o que eles querem é propor receitas satisfatórias e equilibradas que “mostrem que é possível reduzir o consumo de carne”, gradualmente e sem comprometer o prazer de comer. “Uma dieta vegetariana, desde que bem planeada, é saudável, adequada e poderá ser benéfica para a saúde, nomeadamente na prevenção e tratamento de algumas doenças”, lê-se num guia do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, da Direcção-Geral da Saúde. Mas tanto o documento disponível online como Ana Monteiro aconselham quem quiser fazer alterações na alimentação a consultar um profissional de saúde, de forma a acautelar possíveis carências alimentares.