A pet sitter Ana passa o Verão (literalmente) a passear
Cuidar de cães enquanto os donos vão de férias é a actividade de eleição de Ana Bessa, uma jovem de 20 anos que faz pet sitting. Apesar de se ocupar destes animais durante todo o ano, garante que “definitivamente” existe uma maior procura no Verão.
Ana Bessa, de Famalicão, nunca pôde ter um cão, apesar de adorar animais desde pequena – a avó tinha medo que, depois de o animal morrer, a neta tivesse um desgosto. Aos oito anos contentava-se em passear os cães abandonados que iam parar à clínica veterinária perto da sua casa, uma rotina que terminou rapidamente ao mudar de residência. Quando, aos 18 anos, foi estudar oboé para Lisboa, surgiu finalmente a oportunidade de ter vários cães consigo: tornou-se pet sitter através da plataforma Yoopies.
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Ana Bessa, de Famalicão, nunca pôde ter um cão, apesar de adorar animais desde pequena – a avó tinha medo que, depois de o animal morrer, a neta tivesse um desgosto. Aos oito anos contentava-se em passear os cães abandonados que iam parar à clínica veterinária perto da sua casa, uma rotina que terminou rapidamente ao mudar de residência. Quando, aos 18 anos, foi estudar oboé para Lisboa, surgiu finalmente a oportunidade de ter vários cães consigo: tornou-se pet sitter através da plataforma Yoopies.
Isto significa que a estudante, agora com 20 anos, cuida dos animais de estimação dos donos que vão de férias ou que, por qualquer outra razão, estão ausentes e não os podem levar consigo. Apesar de existirem modalidades de pet sitting em que se cuidam de gatos, hamsters e até peixes, Ana Bessa prefere tomar conta de cães, com quem estabelece “uma maior afinidade”. Já o faz há três anos.
“Sendo estudante, quando vim para Lisboa dava jeito ganhar algum dinheiro extra, mas não faço isto só porque me estão a pagar – faço-o porque gosto muito de cuidar de cães”, conta, afirmando que na altura do Verão é “definitivamente” mais requisitada.
Para tomar conta destes animais, Ana Bessa desloca-se à residência dos donos (cerca de cinco euros por hora) ou acolhe os cães na sua própria casa (entre oito a dez euros por dia). Ao PÚBLICO, conta que a segunda opção é a que funciona melhor para ela, uma vez que lhe permite criar uma rotina.
“Quando tomo conta de um cão passo a levantar-me mais cedo e a deitar-me mais tarde, para o poder passear. Quando comecei não tinha uma rotina tão definida, mas mesmo assim, acho que os passeio mais do que muitas pessoas (cerca de quatro horas por dia)”, explica.
Quando entregam o animal a Ana Bessa, os donos deixam a ração e a alcofa. No entanto, na maioria das vezes, esta não é utilizada: “Os cães dormem quase sempre aos pés da minha cama. Eu nem preciso de dizer nada, eles sobem sozinhos”.
Recorda com um sorriso o primeiro cão que acolheu, um bulldog inglês que não se contentava em dormir aos pés da cama – “tinha de enroscar-se” nos seus braços “para dormir”: “Ele não se portava totalmente bem, mas tinha imensa piada. Nem conseguia chatear-me com ele”, confessa.
“Quantos mais, melhor!”
Esta estudante de música da Escola Superior de Música de Lisboa (ESML) partilha uma casa com mais duas colegas, ambas estudantes de fagote. Aliás, uma delas também faz pet sitting, e já chegaram a ter três cães em casa. Apesar de admitir que foi “difícil”, dado o acréscimo de responsabilidade, Ana Bessa relembra com carinho a personalidade da cadela de 11 meses e dos dois bulldogs franceses.
“Os bulldogs eram irmãos de pais diferentes, pelo que cada um tinha a sua personalidade: um era autoritário, quase um ‘cão polícia’; o outro era mais ingénuo, nunca percebia o que lhe pedíamos. Apesar da cadela até ser maior que os cães, ao início tremia quando os via. Depois acabaram por dar-se bem”, recorda a estudante.
No entanto, as coisas nem sempre correm bem. Ana Bessa conta que, por norma, os cães choram quando lhe são entregues pelos donos. É preciso uma hora de passeio e de algumas brincadeiras até se acalmarem. Há também cães mais traquinas, como quando teve um labrador de quatro meses: “Não o podia deixar sozinho na sala durante um minuto sem que ele roesse os cortinados. Era muito pequeno e os donos ainda não o tinham ensinado, roía tudo o que apanhava. Os passeios era ele a passear-me”, conta, sem deixar de se rir da situação.
Mas também já teve um cão “arraçado de labrador” que, até agora, diz ter sido “o que se portou melhor” – estava treinado e respondia a ordens, mesmo sem a presença dos donos. No fundo, “cada caso é um caso”.
Com tanta experiência, é de estranhar como é que ainda não arranjou um cão – afinal, já está longe da preocupação da avó. A estudante reconhece que, enquanto partilhar casa, não é responsável adquirir um cão para ter a tempo inteiro. No entanto, continua a alimentar o sonho: “Só arranjo cães quando tiver a minha casa. Quantos mais, melhor!”.
Texto editado por Helena Pereira