Subir 2351 vezes os 2351 metros do Pico? Renato está quase a consegui-lo
Marcada para este sábado, a subida histórica do guia Renato Goulart é dedicada a amigo que ficou paraplégico e não conseguiu, por isso, cumprir a viagem ao cume mais alto do país.
O guia turístico Renato Goulart vai cumprir, no próximo sábado, a sua subida número 2351 à montanha do Pico, igualando precisamente a altitude do ponto mais alto de Portugal. “É um feito que é preciso celebrar, porque não está ao alcance de toda a gente subir o ponto mais alto do país tantas vezes quanto o seu número de metros. Acaba por ser um marco muito especial”, revelou à agência Lusa o guia de 47 anos.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O guia turístico Renato Goulart vai cumprir, no próximo sábado, a sua subida número 2351 à montanha do Pico, igualando precisamente a altitude do ponto mais alto de Portugal. “É um feito que é preciso celebrar, porque não está ao alcance de toda a gente subir o ponto mais alto do país tantas vezes quanto o seu número de metros. Acaba por ser um marco muito especial”, revelou à agência Lusa o guia de 47 anos.
Para assinalar a ocasião, está a ser preparada uma celebração dividida em dois momentos: o primeiro é a subida ao cume da montanha, com início marcado para as 6h. "A subida 2351 vai ser toda dedicada a um amigo meu que tinha o sonho de subir ao Pico, mas ficou paraplégico. Vamos levar cartazes e t-shirts com mensagens e no topo vamos fazer videochamada com ele”, avança o picaroto, alertando que, apesar de a subida ser “aberta a todos”, deve ser feita apenas por pessoas com experiência, porque existem “horários específicos a cumprir”.
O segundo momento será às 16h, na Casa da Montanha, onde haverá festa, com comida e bebida tradicionais e um bolo em forma de montanha. “Faço questão de que todas as pessoas que estejam na montanha naquele dia façam parte da festa. Quero um convívio com todos, a montanha é nossa, é um pouco de todos, a montanha é sinónimo de convívio”, explica o gerente da empresa eXPerience 2351, que subiu pela primeira vez ao topo do Pico quando tinha 7 anos.
Renato Goulart começou a organizar subidas ao Pico quando tinha 21 anos e estabeleceu-se profissionalmente como guia aos 29. Após tantas subidas, destaca as que o marcaram particularmente, seja pela positiva ou pela negativa. “Duas clientes partiram o pé, no mesmo dia, no mesmo mês, mas separadas por um ano. Passei anos sem fazer subidas naquele dia”, confessa, revelando também não se esquecer de ter guiado, em 2013, uma mulher de 83 anos até ao cume da montanha: “Fez uma subida exemplar e foi provavelmente a pessoa mais velha de sempre a escalar o Pico”.
Nos últimos anos, devido ao aumento do turismo, o número de subidas tem sido “galopante” - "subir ao Pico está na moda", refere. Nesse sentido, o guia defende que deve “existir mais atenção” e queixa-se da falta de controlo sobre os que sobem a montanha de forma autónoma (sem guia). Recorde-se que um dos casos mais mediáticos aconteceu com o presidente da Câmara de Lisboa, que subiu sem autorização e teve de pagar 500 euros de multa.
“Cada vez mais, as pessoas que vão de forma autónoma não respeitam o trilho. Assim não faz sentido falarmos em cuidar da natureza e na promoção do ambiente sustentável. Não há ninguém que controle”, afirma, defendendo a obrigatoriedade de as subidas ao Pico serem acompanhadas por guias.
“Temos de olhar para a montanha e perceber que ela vai ter de passar a ser subida obrigatoriamente com um guia. É uma montanha com uma avaliação técnica muito exigente e tem um microclima muito específico. Se o turismo quer progredir e proteger aquilo que é nosso, temos de agir hoje”, conclui Renato Goulart.
O documentário
Em Janeiro, estreou um documentário de Pedro Canavilhas, precisamente no Montanha Pico Festival, sobre a história do guia e o seu sonho de chegar às 2351 subidas da montanha com 2351 metros. Um "documento perceptual" que o acompanha, “subida após subida, num período descontinuado de vários meses”. “O filme constrói um retrato intimista e eremítico do homem e da ilha – dois discursos onde as narrativas pessoais e picarotas convergem”, resumem.