ONU: crise climática terá consequências dramáticas nos oceanos
Relatório Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas dedicado aos oceanos e à criosfera será divulgado a 25 de Setembro.
As alterações climáticas provocadas pelas actividades humanas vão ter consequências dramáticas sobre os oceanos e a criosfera, que inclui os glaciares, as calotes polares e solos permanentemente congelados, revela um relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) das Nações Unidas e que será divulgado em Setembro.
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As alterações climáticas provocadas pelas actividades humanas vão ter consequências dramáticas sobre os oceanos e a criosfera, que inclui os glaciares, as calotes polares e solos permanentemente congelados, revela um relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) das Nações Unidas e que será divulgado em Setembro.
O documento, cuja versão preliminar foi noticiada esta quinta-feira pela agência de notícias AFP, vai ser apresentado a 25 de Setembro no Mónaco e alerta especialmente para alterações nos oceanos e na alimentação. Trata-se de mais um dos relatórios especiais que o IPCC tem vindo a fazer, depois do primeiro dedicado a um mundo em que ainda se conseguiria conter a subida da temperatura global em 1,5 graus Celsius face aos tempos pré-industriais e o último sobre os solos e o clima.
Os oceanos absorveram cerca de um quarto das emissões de gases com efeito de estufa produzidos pelos humanos desde os anos 80 do século XX. Como consequência, estão mais quentes, mais ácidos e menos salgados.
A concentração de oxigénio em ambientes marinhos baixou 2% em 60 anos e deve perder mais três a quatro graus Celsius suplementares se as emissões de dióxido de carbono (CO2) se mantiverem no mesmo nível.
A frequência, a intensidade e a extensão das vagas de calor marinhas como as que devastaram a Grande Barreira de Coral da Austrália aumentaram. Os corais, dos quais meio milhão de pessoas depende para alimentação e protecção, não deverão sobreviver a um aquecimento de dois graus Celsius, comparativamente a níveis pré-industriais.
As reservas alimentares em águas tropicais pouco profundas podem decrescer 40%, devido ao aquecimento e à acidificação.
Uma duplicação da frequência acontecimentos climáticos extremos derivados do fenómeno meteorológico El Niño, que provoca fogos florestais, doenças e têm efeito sobre os ciclones, é esperada se as emissões não forem reduzidas.
O nível médio dos oceanos vai subir durante os próximos séculos, quaisquer que sejam as medidas tomadas. Comparativamente ao final do século XX, o nível médio dos oceanos deverá aumentar cerca de 43 centímetros até 2100 se o aquecimento global for mantido em dois graus. Mas aumentará 84 centímetros caso as tendências actuais se mantenham no sentido de o aquecimento global poder chegar aos três ou quatro graus. No próximo século, o ritmo de subida do nível do mar poderá mesmo aumentar dos actuais 3,6 milímetros por ano para “vários centímetros”. E os danos causados por inundações poderão aumentar entre 100 a mil vezes até 2100.