PD diz ao Presidente italiano que aceita formar governo com o 5 Estrelas

Zingaretti transmitiu a Mattarella que o seu partido aceita o nome de Conte para primeiro-ministro. Coligação está agora nas mãos dos militantes do 5 Estrelas.

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Nicola Zingaretti sorridente depois da audiência com o Presidente italiano CIRO DE LUCA/Reuters

O Partido Democrático (PD) aceitou formar governo com o Movimento 5 Estrelas (M5S), garantindo uma maioria política estável para cumprir o mandato até ao fim. Nicola Zingaretti, o líder do partido de centro-esquerda, chefiou a delegação que foi recebida esta quarta-feira pelo Presidente Sergio Mattarella no âmbito das audiências para decidir o futuro político do país, depois de Matteo Salvini ter levado à queda do executivo de coligação do M5S com a Liga.

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O Partido Democrático (PD) aceitou formar governo com o Movimento 5 Estrelas (M5S), garantindo uma maioria política estável para cumprir o mandato até ao fim. Nicola Zingaretti, o líder do partido de centro-esquerda, chefiou a delegação que foi recebida esta quarta-feira pelo Presidente Sergio Mattarella no âmbito das audiências para decidir o futuro político do país, depois de Matteo Salvini ter levado à queda do executivo de coligação do M5S com a Liga.

“Expressámos ao Presidente da República a nossa via aberta para um governo com uma nova maioria política. Referimos ao Presidente que aceitámos a proposta de nome do M5S para presidente do Conselho [primeiro-ministro]”, explicou Zingaretti em declarações aos jornalistas.

O PD havia estabelecido que não queria Giuseppe Conte como primeiro-ministro, mas acabou por recuar e dar o aval à imposição do M5S, que na terça-feira interrompeu as negociações pela recusa dos democráticos em dar o seu aval à continuidade do líder demissionário do executivo italiano.

“Não temos nenhuma estafeta para correr e não há nenhum testemunho para receber, antes um novo desafio para começar”, acrescentou Zingaretti, manifestamente interessado em garantir que não se trata de nenhum Governo Conte 2, mas outro executivo com o mesmo primeiro-ministro.

O líder do PD insistiu na necessidade de delinear um programa de governo que seja de mudança e descontinuidade. “Amamos Itália e acreditamos que vale a pena tentar esta experiência”, acrescentou. “Em tempos complicados como os de hoje, abstrair-se da responsabilidade da coragem de tentar é a única coisa a que não podemos e nem queremos permitir-nos. Pretendemos acabar com o tempo do ódio, do rancor e do medo”, sublinhou Zingaretti.

Mas, tal como o líder do PD – que mudou de opinião –, outras figuras do partido estavam tudo menos entusiasmadas com a perspectiva de um governo de coligação com o 5 Estrelas, menos ainda com Giuseppe Conte na liderança. Mesmo assim, na reunião da cúpula do partido em que se discutiu a coligação, só houve um voto dissidente, o do senador Matteo Richetti.

“Já não reconheço o meu partido. O documento que [Carlo] Calenda escreveu dizia não ao 5 Estrelas e agora vamos com o M5S. Éramos contra Conte e hoje assumimos que ele é o primeiro-ministro”, dizia o senador, visivelmente agastado, à saída da reunião da direcção do PD. “Queria um governo generoso em que as forças políticas dessem um passo atrás. Estou cansado de mandatos que tiram dignidade aos militantes do PD”, exclamou. 

O autor do documento político, o eurodeputado Carlo Calenda, anunciou, entretanto, a sua decisão de abandonar o PD por causa de Conte. “Falámos de descontinuidade com o Governo de Conte e agora aceitamos Conte como primeiro-ministro. Como é que pedimos a Conte que desfaça aquilo que já fez?”, questionou o eurodeputado na sua carta de demissão.