“Não vamos ter nos próximos tempos uma crise com as mesmas características”, diz Centeno
Mário Centeno considera que não há que ter “pânico” de uma nova crise económica/financeira. Ministro das Finanças diz que a escolha de Elisa Ferreira é “uma excelente notícia”.
Ainda não se sabe com que pasta da Comissão Europeia ficará a comissária portuguesa Elisa Ferreira, mas isso para Mário Centeno não é o mais importante “porque, do ponto de vista político e técnico, Elisa Ferreira tem um nível de qualificações único e excepcional”, disse. “É uma excelente notícia”.
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Ainda não se sabe com que pasta da Comissão Europeia ficará a comissária portuguesa Elisa Ferreira, mas isso para Mário Centeno não é o mais importante “porque, do ponto de vista político e técnico, Elisa Ferreira tem um nível de qualificações único e excepcional”, disse. “É uma excelente notícia”.
A escolha das pastas a distribuir pelos comissários indicados pelos países ainda está com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Um jovem perguntou a Centeno se Elisa Ferreira seria o nome certo para ser comissária da actual, e importante, pasta dos Assuntos Económicos e Financeiros, hoje nas mãos do francês Pierre Moscovici. “Qualquer que seja a pasta que vá ter vai ser um exemplo da excelência da representação portuguesa nesta dimensão. As qualificações na área financeira e económica são óbvias e espero que sejam aproveitadas”, disse num encontro de jovens em Monsaraz, organizado pela Representação Portuguesa da Comissão Europeia em Portugal, o SummerCEmp.
Na conversa com os jovens, Mário Centeno recusou a ideia que os países devem entrar em constantes “leilões de ideias” - muitas delas “que foram testadas e já falharam” - e que é preciso dar tempo ao tempo. “O factor paciência” é fundamental, apesar de no mundo actual sofrer um grande desgaste. Um dos temas europeus em cima da mesa, o da concorrência fiscal sem regras entre os estados na União Europeia, é recusado por Centeno, mas com conta, peso e medida: “Não podemos ser dogmáticos na ditadura da União face às decisões fiscais dos países, mas não podemos deixar de ter um nível de coordenação para que esta União não funcione enquanto tal”, afirmou o governante e que é também o presidente do Eurogrupo.
Outro dos pontos abordados pelos jovens foi a possibilidade de uma recessão próxima que pode desembocar numa crise económica e financeira como a vivida após 2008. Centeno está optimista e acredita que “não vamos observar nos próximos tempos [uma crise] com a mesma dimensão e características”. E acrescentou: “Estamos dotados de instrumentos que não tínhamos, diria que temos de olhar as crises económicas preparando-nos para elas e também não tendo pânico das crises. Têm de ter uma resposta que não pode estar associada ao pânico”, disse.
O optimismo do ministro das Finanças baseia-se em três factores que atravessam as finanças públicas, mas também a situação das famílias e das empresas.
Primeiro, em relação às contas públicas, acredita que tendo em conta o cenário macroeconómico em que estamos é possível ultrapassar uma crise sem ter de recorrer à austeridade punitiva: “A nossa posição orçamental finalmente atingiu o equilíbrio. Temos défice público praticamente nulo e dá-nos a margem de deixar efeitos automáticos ao saldo orçamental sem ter de fazer medidas punitivas num momento de recessão”. Ao mesmo tempo que o ministro das Finanças falava em Monsaraz saia a nota do seu ministério com a execução orçamental de Julho, que dá conta de uma melhoria do défice público.
Como segundo argumento, Centeno referiu que os “indicadores de solvabilidade estão melhores que os de 2008”. “Apesar da dívida elevada, esta tem vindo a reduzir-se de forma significativa. Está na tendência certa há tempo suficiente para considerarmos que é tendência de sustentabilidade”, referiu.
Em terceiro lugar, a situação de evolução económica. “Portugal está num contexto europeu totalmente alinhado com o ciclo económico europeu, convergimos com a União Europeia, não há complacências, este trabalho é para continuar”, defendeu. Ou seja, para fazer face a uma recessão é preciso continuar o caminho e não “nos deixarmos levar em leilões”, de ideias, leia-se.