Macron anuncia convergência no G7 para criação de mecanismo internacional de protecção da Amazónia
No Brasil, Bolsonaro dá a crise por terminada e agradece “às dezenas de chefes de Estado que me ouviram e nos ajudaram”.
Os países das sete maiores economias do mundo (G7) e a União Europeia concordaram neste domingo em “ajudar o mais rapidamente possível os países afectados” pelos incêndios que se multiplicaram nas últimas semanas na Amazónia, disse o Presidente francês, Emmanuel Mácron.
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Os países das sete maiores economias do mundo (G7) e a União Europeia concordaram neste domingo em “ajudar o mais rapidamente possível os países afectados” pelos incêndios que se multiplicaram nas últimas semanas na Amazónia, disse o Presidente francês, Emmanuel Mácron.
“Há uma verdadeira convergência” e estão a ser feitos contactos “com todos os países da Amazónia” para que sejam finalizados compromissos concretos “de meios técnicos e financeiros”, disse Macron o anfitrião da cimeira do G7, que termina segunda-feira em Biarritz. “Estamos a trabalhar num mecanismo de mobilização internacional para poder ajudar de maneira o mais eficaz possível estes países”.
Face aos pedidos de ajuda, feitos nomeadamente pela Colômbia, Macron disse que é preciso responder. Na sexta-feira o Presidente francês criticou a “inacção” do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, perante o desastre ambiental.
As imagens do “pulmão do planeta” em chamas suscitaram uma comoção mundial e puseram o assunto no centro das discussões do G7 - por iniciativa de Macron, a França tem um território amazónico, a Guiana Francesa -, apesar da relutância do Brasil, que não faz parte do G7 (Reino Unido, Alemanha, Estados Unidos, Japão, Itália e Canadá).
Macron disse que estão a ser feitos contactos com “todos os países da Amazónia” para que se possam finalizar compromissos muito concretos de “meios técnicos e financeiros”. A bacia da Amazónia tem sete 7 milhões de quilómetros quadrados, cinco milhões e meio de floresta tropical, e estende-se pelo Brasil (com 60% da floresta), Peru (13%), Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e França (Guiana Francesa).
“Estamos a trabalhar num mecanismo de mobilização internacional para poder ajudar de maneira o mais eficaz possível estes países”, precisou.
Quanto à questão, de longo prazo, da reflorestação da Amazónia, “várias sensibilidades foram expressas” disse Macron. “Mas o desafio da Amazónia para estes países e para a comunidade internacional é tal, em termos de biodiversidade, de oxigénio, de luta contra o aquecimento global, que devemos avançar com a reflorestação”, afirmou Emmanuel Macron.
A crise ambiental no Brasil provocada pela desflorestação e pelas queimadas - que os críticos consideram ter-se agravado com as políticas de incentivo ao investimento na Amazónia e o relaxamento das leis de protecção ambiental - agudizou-se de tal forma que ameaça torpedear o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), assinado no fim de Junho após 20 anos de negociações.
Acusando Jair Bolsonaro de ter mentido sobre os seus compromissos com o meio ambiente, Paris anunciou que nessas condições se opõe ao tratado. A Irlanda ameaçou também vetar o acordo.
No Facebook, o Presidente do Brasil agradeceu neste domingo às “dezenas de chefes de Estado” que ajudaram o Brasil “a superar” a crise dos incêndios na Amazónia e garantiu que “desde o princípio” procurou dialogar com os líderes do G7.
“Meu muito obrigada a dezenas de chefes de Estado que me ouviram e nos ajudaram a superar uma crise que só interessava aos interesses que querem enfraquecer o Brasil”, escreveu Bolsonaro.