Costa sugere que Bloco “vive na angústia de ter de ser notícia” enquanto PCP tem “maturidade institucional”

As declarações do líder socialista surgem no mesmo dia em que o Bloco de Esquerda apresentou o seu programa eleitoral e se apresentou como o partido “que quer e pode impedir a maioria absoluta”.

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Para o líder socialista, “o que ficou claro nesta legislatura é que o PS é o grande factor de estabilidade” Nuno Ferreira Santos

 O líder socialista, António Costa, sugeriu que o Bloco de Esquerda “vive na angústia de ter de ser notícia”, enquanto o outro parceiro da “geringonça”, o PCP, tem outra “maturidade institucional”, em entrevista ao semanário Expresso.

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 O líder socialista, António Costa, sugeriu que o Bloco de Esquerda “vive na angústia de ter de ser notícia”, enquanto o outro parceiro da “geringonça”, o PCP, tem outra “maturidade institucional”, em entrevista ao semanário Expresso.

“Não quero ser injusto, mas são partidos de natureza muito diferente. O PCP tem uma maturidade institucional muito grande. Já fez parte dos governos provisórios, já governou grandes câmaras, tem uma forte presença no mundo autárquico e sindical, não vive na angústia de ter de ser notícia todos os dias ao meio-dia... Isto permite uma estabilidade na sua acção política que lhe dá coerência, sustentabilidade, previsibilidade, e, portanto, é muito fácil trabalhar com ele”, disse.

Já sobre os bloquistas, o também primeiro-ministro refere que, “hoje, a política tem não só novos movimentos inorgânicos do ponto de vista sindical, como também novas realidades partidárias que se expressam”. “Há um amigo meu que compara o PCP ao Bloco de uma forma muito engraçada: é que o PCP é um verdadeiro partido de massas, o Bloco é um partido de mass media. E isto torna os estilos de actuação diferentes. Não me compete a mim dizer qual é melhor ou pior, não voto nem num nem no outro”, continuou.

Questionado sobre se o PCP seria um parceiro preferencial num futuro entendimento, António Costa afirmou que o partido da sua preferência é, naturalmente, o PS.

Para o líder socialista, “o que ficou claro nesta legislatura é que o PS é o grande factor de estabilidade”, pois “sem um PS forte não há a devida estabilidade”, rejeitando escolher um parceiro ideal.

“Não dizemos como Catarina Martins que esta legislatura foi uma batalha da esquerda contra o PS, porque é uma descrição que manifestamente descola da realidade, nem temos de ter as angústias de Jerónimo de Sousa a dizer todos os dias: “este não é o nosso Governo nem apoiamos este Governo”. Eu posso dizer o contrário: temos muita honra e orgulho no que fizemos, por devolver confiança aos portugueses”, concluiu.

O líder socialista mostrou-se ainda favorável à devolução do corte de 5% nos vencimentos de titulares de cargos políticos durante a próxima legislatura. "Tenho confiança de que ao longo da próxima legislatura esse último corte irá desaparecer. Acho que é importante para devolver normalidade ao quadro remuneratório também dos políticos. Acho que ao longo da próxima legislatura haverá condições para que o último corte de vencimentos seja também eliminado”, afirmou, revelando que, em 2000, enquanto ministro da Justiça, “levava líquido para casa mais do que 19 anos depois”, agora como primeiro-ministro.