“A nossa casa está a arder.” Macron fala em crise internacional na Amazónia, Bolsonaro em “colonialismo”
Os incêndios na Amazónia chamuscam também as relações diplomáticas do Brasil, com Bolsonaro a responder a Macron dizendo que apelo evoca uma “mentalidade colonialista descabida no século XXI”. O seu filho partilhou um vídeo em que um youtuber diz que Macron é um idiota.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, apelou na quinta-feira a que os incêndios na Amazónia sejam discutidos na cimeira do G7, que se realiza este fim-de-semana em Biarritz, sudoeste de França, afirmando que se trata de uma “crise internacional”. Um apelo que não caiu bem a Jair Bolsonaro.
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O Presidente francês, Emmanuel Macron, apelou na quinta-feira a que os incêndios na Amazónia sejam discutidos na cimeira do G7, que se realiza este fim-de-semana em Biarritz, sudoeste de França, afirmando que se trata de uma “crise internacional”. Um apelo que não caiu bem a Jair Bolsonaro.
“A nossa casa está a arder. Literalmente. A floresta Amazónia, o pulmão que produz 20% do oxigénio do nosso planeta, está em chamas. É uma crise internacional. Membros da cimeira do G7, vamos discutir esta emergência de primeira ordem em dois dias”, pediu o chefe de Estado no Twitter, antes da reunião dos países mais industrializados do mundo.
Para o Presidente brasileiro, no entanto, este apelo “evoca mentalidade colonialista descabida no século XXI”. Jair Bolsonaro recorreu à mesma rede social para criticar Macron e lamentar o que disse ser a instrumentalização de uma questão interna do Brasil para “ganhos políticos pessoais”, em “tom sensacionalista” com fotos falsas – o Presidente francês partilhou uma imagem antiga da Amazónia a arder.
O filho do Presidente brasileiro, o deputado Eduardo Bolsonaro, indicado para assumir o cargo de embaixador nos EUA, foi mais longe e partilhou um vídeo no qual Macron é chamado de “idiota”. “Recado para Macron”, escreveu no Twitter, numa publicação em que partilhou um vídeo intitulado “França em Crise: Macron é um idiota”, de um youtuber brasileiro.
Contudo, após muita pressão internacional e a marcação de manifestações em cerca de quarenta cidades brasileiras e cinco capitais europeias, Bolsonaro reuniu de emergência uma equipa de ministros com a missão de combater os incêndios. As primeiras medidas devem ser anunciadas esta sexta-feira.
A pressão internacional veio de figuras de várias áreas. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, também se mostrou “profundamente preocupado” com os incêndios na Amazónia, onde se registaram, entre Janeiro e 18 de Agosto, mais de 38 mil focos.
“Estou profundamente preocupado com os incêndios na floresta Amazónia. No meio da crise climática global, não podemos permitir mais danos a uma das mais importantes fontes de oxigénio e biodiversidade. A Amazónia deve ser protegida”, escreveu Guterres também no Twitter.
A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta. Tem cerca de cinco milhões e meio de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (território pertencente à França).
O número de incêndios no Brasil cresceu 70% este ano, em comparação com período homólogo de 2018, tendo o país registado 66,9 mil focos até ao passado domingo, com a Amazónia a ser o bioma (conjunto de ecossistemas) mais afectado.
Dados do sistema de monitorização por satélite chamado Deter, que é mantido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais brasileiro (Inpe) indicam que em Julho a desflorestação da Amazónia aumentou 278% em relação ao mesmo mês do ano passado. O Inpe é o organismo do Governo brasileiro que monitoriza os dados sobre a desflorestação e queimadas no país.