Amazónia, o assunto esquecido dos famosos?

Numa altura em que o pulmão do planeta arde impiedosamente, o assunto torna-se popular nas redes sociais por onde se sente a ausência de muitas vozes conhecidas na defesa do planeta.

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A hashtag #PrayforAmazonia só agora começa a popularizar-se, quando aquela que é a maior área de floresta tropical do mundo, responsável pela produção de cerca de 20% de oxigénio presente na atmosfera terrestre, já arde há mais de duas semanas.

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A hashtag #PrayforAmazonia só agora começa a popularizar-se, quando aquela que é a maior área de floresta tropical do mundo, responsável pela produção de cerca de 20% de oxigénio presente na atmosfera terrestre, já arde há mais de duas semanas.

O ambientalista e filantropo Nick Rose pergunta, na sua conta de Instagram, à ONU “quem está a gerir a conta” oficial do organismo naquela rede social, uma vez que não se observava, até à data, qualquer referência ao flagelo que já tinha destruído, em 15 dias e segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais brasileiro, cerca de 20 mil hectares. O empresário, que fez fortuna com as bitcoins, manifesta-se ainda “horrorizado” pelo facto de “os pulmões do mundo estarem a arder há 16 dias com “literalmente, nenhuma cobertura mediática ou de qualquer tipo”. 

A mensagem de Rose parece ter tido um efeito catalisador e, pelo menos, os actores Leonardo DiCaprio e Brad Pitt partilharam a angústia do empresário, chegando aos seus milhões de seguidores (só o post do primeiro já tinha alcançado mais de 2,8 milhões de utilizadores). 

Porém, num momento em que as hashtags #AmazoniaSOS e #PrayforAmazonia estão entre as mais populares do Twitter, tendo já originado milhões de entradas, sobretudo depois de a NASA ter, no início da semana, divulgado imagens a partir do espaço da destruição, o que mais se nota são as ausências. Nomes ligados à defesa do planeta, como o ex-candidato à Casa Branca Al Gore, a embaixadora da UNICEF Selena Gomez ou a sempre activista Emma Watson, parecem estar alienados do tema – sem esquecer a própria ONU, como acusava Rose.

Portugueses erguem as vozes

Se entre as estrelas de Hollywood parece reinar o silêncio, por Portugal as palavras que se lêem pelas redes sociais são de muita tristeza e revolta. 

A fadista Mariza escreve: “Peço perdão ao meu filho e aos vossos.” A cantora, que partilhou uma das muitas imagens impressionantes dos fogos na Amazónia, tanto na sua conta de Instagram como na do Facebook, acrescentou que as desculpas eram dirigidas “a todas as gerações futuras por tamanha ignorância e ganância de alguns seres humanos”.

Já o humorista António Raminhos revela a raiva sentida num longo texto no Instagram: “Mostrem esta porra aos vossos filhos. Não somos feitos para viver em florestas de cimento, num consumo louco de junk food e aparelhos nos olhos.” A mesma rede social foi usada pelo músico Pedro Abrunhosa para manifestar o seu desalento: “O Instagram serve para celebrar os nossos sucessos, conquistas e esperanças. Mas também serve para falarmos com o mundo dos medos comuns que temos. Talvez apenas me ajude a libertar desta angústia, não sei. Em todo o caso aqui fica: o Brasil já está a arder e eu não quero ficar calado.”

Cobertura mediática criticada

Se entre as celebridades que têm por hábito sair em defesa do ambiente se ouve sobretudo o silêncio, da parte de anónimos chovem críticas pela falta de cobertura mediática durante tanto tempo. 

De acordo com a edição brasileira do El País, não é claro quando terá começado o maior foco de incêndios, que atinge várias áreas protegidas e habitadas da floresta e que deixou a cidade de São Paulo, a mais de três mil quilómetros de distância, às escuras em pleno dia, depois de atingida pela cortina de fumo. No entanto, A Folha de S. Paulo cita fazendeiros do Sudoeste do Pará a referirem que o dia 10 de Agosto foi “o dia do fogo”. 

Actualmente, o estado do Amazonas está sob situação de emergência e as autoridades do Acre em estado de alerta ambiental. 

O aumento dos focos de incêndio na floresta amazónica entre Janeiro e Agosto (mais 83% face ao período homólogo de 2018), que chegaram no último fim-de-semana a atingir também a Bolívia e o Paraguai, coincide com as novas políticas de Jair Bolsonaro, que defende o desenvolvimento da agricultura e da exploração de minério na região. Porém, o Presidente eleito já veio a público culpar as organizações não-governamentais, afirmando que “tudo indica” que as ONG estão a ir à Amazónia para “incendiar” a floresta, de maneira a embaraçar o seu Governo, depois de este lhes ter cortado o financiamento.